Julgamento de Rui Pinto começa no dia 4 de Setembro

Hacker está acusado de 90 crimes e aguarda julgamento em residência controlada pela Polícia Judiciária.

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Rui Pinto está acusado de 90 crimes LUSA/RODRIGO ANTUNES

O julgamento de Rui Pinto terá início no dia 4 de Setembro, confirmou ao PÚBLICO fonte do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL). O hacker está acusado de 90 crimes e aguarda pelo início do julgamento numa residência controlada pela Polícia Judiciária (PJ), depois de ter permanecido mais de um ano em prisão preventiva.

Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, já estão marcadas sessões de julgamento até ao final do ano. 

Entre 22 de Março de 2019 e 8 de Abril de 2020, o responsável pelas revelações do Football Leaks e Luanda Leaks esteve na prisão anexa à sede da PJ, em Lisboa. Depois de ter celebrado um acordo com as autoridades – na qual aceitou ceder as passwords para os dez discos rígidos encriptados que as autoridades europeias não conseguiram decifrar –, o hacker foi colocado em prisão “domiciliária”.

Rui Pinto chegou a Portugal após ter sido extraditado pelas autoridades húngaras. O pirata informático viveu em Budapeste, onde comercializava antiguidades. Foi também neste período que criou a plataforma Football Leaks, onde foram publicados documentos confidenciais que originaram investigações a alguns dos maiores clubes e agentes do futebol mundial. 

Rui Pinto está acusado de um crime de tentativa de extorsão, seis de acesso ilegítimo, 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência e um de sabotagem informática. O hacker foi inicialmente acusado de 147 crimes pelo Ministério Público que, após a decisão do juiz de instrução em reduzir o número de delitos, tentou que os 57 crimes fossem repostos. O TRL não deu razão ao Ministério Público e os 90 crimes não sofreram alteração. 

Em Janeiro deste ano, a defesa do hacker revelou que também tinham partido dele os documentos que originaram os trabalhos sobre o império empresarial construído por Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos e a mulher mais rica do continente africano. Os Luanda Leaks, como ficaram conhecidos, foram uma série de trabalhos do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação, que tiveram como base cerca de 715 mil ficheiros recolhidos por Rui Pinto.

Estes documentos mostravam suspeitas de esquemas financeiros alegadamente usados por Isabel dos Santos e pelo marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

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