O que é nacional é bom

Continuamos sem estratégias definidas de desenvolvimento social, empresarial, económico e político de apoio à população portuguesa.

Foto
nelson garrido

O momento actual, como todos sabem, não é o ideal. Aquele cenário multicolorido enganador de desenvolvimento e de crescimento repetitivo, a que já nos vínhamos a habituar e fazia parte do nosso minúsculo universo quotidiano à beira-mar plantado, foi-nos retirado nestes últimos quatro meses.

Em Fevereiro, quando a China anuncia oficialmente o novo coronavírus (que provoca a doença covid-19) e a forte probabilidade de propagação pandémica, a reacção da maioria das pessoas à minha volta foi de indiferença. Os factos não foram apurados, nem as responsabilidades assumidas. E ninguém se dá ao trabalho de investigar como o modus operandi das cidades chinesas influenciou e contribuiu para a mutação do vírus. Basta, por exemplo, recuar alguns anos na história da humanidade, até ao tempo da revolução industrial em Inglaterra (1800) ou mesmo à cidade do Porto em 1898 para percebermos em que condições e habitats estes vírus evoluem. 

Fico com a sensação que a imagem é passada lá para casa de uma forma superficial, dando pouca relevância a esse assunto. Sem desculpas, nem explicações e sem uma linha de raciocínio coerente dos Estados e organizações mundiais face a toda esta situação. E o mais extraordinário é que, passado todo este tempo, continuamos sem estratégias definidas de desenvolvimento social, empresarial, económico e político de apoio à população portuguesa. 

Pelo contrário, os “incentivos” destes sistemas continuam a ser usados pelos Estados e afundam-nos num ciclo vertiginoso e assustador de exportação e importação estratosférica, nunca antes visto e suportado pelo planeta e vida animal. Ao invés de optarmos pelo investimento e desenvolvimento de estratégias de mercado local e nacional, continuamos a explorar a classe trabalhadora chinesa, com as encomendas, contribuindo para um consumo extremista e o desbravamento sem regras dos recursos naturais, dos nossos habitats e ecossistemas. Estes comportamentos exigem não só de todos nós, mas também dos nossos respectivos representantes e organizações nacionais, a árdua tarefa de reformular e regularizar a economia do país, de proporcionar os meios de trabalho e modos de vida adequados. Focar-se no que é local e nacional é bom! 

Esta inércia social e política despertou em mim o dever cívico e a responsabilidade profissional. Desde muito cedo, foi-me ensinado que a profissão de arquitecto é equiparada à profissão de médico, pela sua evidência científica nas questões de política de saúde pública e higiene social, no que diz respeito à qualidade e salubridade dos edifícios e dos espaços urbanos para os seus “utentes”. Desta forma arregacei as mangas e pus mãos à obra. Após o estudo, análise e concepção do plano, cheguei à conclusão de que é vital defender e proteger os serviços de saúde e a população, como o Estado fez, mas também o serviço financeiro e económico da classe operária, agentes e empresas. Juntamente com profissionais de várias áreas, organizei as ideias principais, desenvolvi o plano de intervenção e alguns enquadramentos estratégicos de mercado.

E, assim, nasceu uma ideia e uma petição, de estruturação de um grupo nacional, composto por equipas interdisciplinares de apoio, informação, serviços e incentivos gratuitos às empresas e à população, que continuam a ser economicamente vulneráveis, sem poupanças ou incentivos de crescimento, incapazes de solicitar serviços qualificados, devido à falta de resposta de meios técnicos e mão-de-obra qualificada.

A criação de um departamento doméstico sobre jurisprudência do Estado seria um enorme incentivo e apoio técnico de profissionais às empresas, trabalhadores e famílias. De ajustamento de serviços e comércio, aliada a novos métodos de trabalho, gestão, investigação e digitalização especializada. A realização deste tipo de acções e objectivos deveria ser promovida pelas autoridades competentes nacionais, juntamente com os profissionais residentes em território nacional. O Estado e todos os serviços, com estas e outras medidas de desenvolvimento local, beneficiariam com o reforço da qualificação e das capacidades técnicas de trabalho, o aumento do volume de negócios e a entrada de capitais, gerando uma economia financeira e social sustentável. Esta reestruturação das actividades, para além de criar riqueza interna, teria reflexos directos no sector agrícola, florestal, empresarial, industrial, institucional e público, de fortes repercussões a nível nacional, do ensino, ciência e tecnologia. 

Sugerir correcção