Covid-19: Mais de 40% dos infectados com covid-19 de uma cidade italiana eram assintomáticos

Durante duas semanas de confinamento, um grupo de investigadores conseguiu fazer testes virológicos em mais de 85% da população da pequena cidade italiana. A principal conclusão do estudo é que o isolamento rápido dos casos e os testes em massa permitiram eliminar eficazmente o vírus do território.

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Itália foi um dos países mais afectados nos primeiros meses de pandemia Reuters/MARZIO TONIOLO

Mais de 40% dos habitantes com covid-19 de uma cidade italiana não apresentavam qualquer sintoma da doença, segundo um estudo publicado esta terça-feira e que evidencia o potencial de propagação do novo coronavírus.

Esta investigação mostra a importância dos testes em massa e do isolamento dos portadores do vírus para conter os focos de contaminação, de acordo com os autores, cujo trabalho foi publicado na revista científica Nature.

Em finais de Fevereiro, as primeiras mortes em Itália foram registadas na cidade de Vo (3200 habitantes), perto de Pádua, no Norte do país. A cidade entrou imediatamente em duas semanas de confinamento, no decurso das quais os investigadores puderam fazer testes virológicos em mais de 85% da população.

No início da quarentena, 2,3% dos habitantes de Vo estavam infectados, contra 1,2% no fim do confinamento, e 42,5% das pessoas com teste positivo não tinham qualquer sintoma na altura da análise, nem depois.

Segundo os autores, o estudo mostra que o isolamento rápido dos casos e os testes em massa permitiram eliminar eficazmente o vírus desta pequena cidade. “A despistagem de todos os cidadãos, quer apresentem ou não sintomas, permite travar a propagação da doença e impedir as epidemias de se tornarem incontroláveis”, de acordo com Andrea Crisanti, do Departamento de Medicina Molecular da Universidade de Pádua e do Departamento de Ciências da Vida da Imperial College de Londres.

Os portadores assintomáticos da infecção têm uma carga viral semelhante aos que ficam doentes, o que sugere que, mesmo sem ficarem doentes, podem propagar o vírus. “Mesmo as infecções assintomáticas têm o potencial de contribuir para a transmissão”, frisou Enrico Lavezzo, da Universidade de Pádua, co-autor do estudo.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 505.500 mortos e infectou mais de 10,32 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Em Portugal, morreram 1576 pessoas das 42.141 confirmadas como infectadas, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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