TAP com prejuízos de 395 milhões no primeiro trimestre

Receitas encolheram devido à pandemia e houve encargos excepcionais de 150 milhões. Empresa está a rever a dimensão da frota.

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A TAP terminou o primeiro trimestre com uma frota de 107 aviões e quer reduzi-la Rui Gaudencio

A TAP registou prejuízos de 395 milhões de euros no primeiro trimestre do ano deste ano, tendo os resultados sido afectados “por eventos relacionados com a pandemia”, como o reconhecimento de encargos com a cobertura de risco de combustível (150 milhões) e por diferenças cambiais negativas (100 milhões).

Contudo, “excluindo estes dois efeitos”, os resultados líquidos da transportadora teriam igualmente sido negativos em 169,9 milhões de euros (que comparam com perdas de 107 milhões no mesmo trimestre de 2019), revela o comunicado divulgado na segunda-feira à noite através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A transportadora sublinha que a quebra de actividade registada devido à pandemia teve impactos que anularam “a boa performance observada nos primeiros dois meses do ano”.

A acentuada quebra na procura motivada pelas medidas de combate ao novo coronavírus levaram a TAP a diminuir a sua capacidade operacional, registando-se uma “deterioração progressiva da actividade ao longo do mês”.

As receitas operacionais totais caíram 5% (para 583 milhões) e as receitas de passagens 3,7% (para 513 milhões), sendo que só em Março as primeiras reduziram-se em 106,3 milhões (menos 47,7% face ao homólogo) e as segundas recuaram em 90,3 milhões (menos 46,9%).

Apesar da quebra de receitas, os gastos operacionais aumentaram 3,3%, para 738,5 milhões de euros.

O lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) diminuiu 26 milhões nos primeiros três meses do ano para -22,6 milhões, tendo registado em Março uma quebra de 80,4 milhões.

A transportadora (detida pelo Estado em 50% e pela Atlantic Gateway em 45%), cuja viabilidade está dependente da injecção de uma ajuda pública que pode chegar até 1200 milhões de euros, recorda que tem quase 90% dos trabalhadores em layoff.

A esta medida motivada pela quase paralisação da actividade juntam-se outras iniciativas de controlo de custos, como “a suspensão ou adiamento de investimentos não críticos, renegociação de contratos e prazos de pagamento, corte de despesas acessórias, suspensão de contratações de novos trabalhadores, de progressões e de formações, bem como a implementação de programas de licenças sem vencimento temporárias, as quais continuam a ser implementadas”.

A TAP refere ainda que, dada a quebra de actividade, o conselho de administração (onde o Estado tem representantes) “iniciou um processo de análise da capacidade instalada” e que este “poderá vir a resultar numa restruturação da frota”.

“Prevê-se para o período remanescente de 2020 (após 31 de Março) uma redução líquida da frota, incluindo a saída já confirmada de seis aviões (1 A321, 1 A320, 3 A319 e 1 E190) que terminam contrato em 2020”.

Estão em estudo “saídas adicionais de aeronaves por forma a alinhar com o plano de frota actualmente em revisão”, refere a TAP, que terminou o primeiro trimestre com uma frota de 107 aviões, incluindo aviões regionais operados pela Portugália e White.

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