Lisboa reforçada com equipas apoiadas pela polícia para conter surto de covid-19

Hospitais mais pressionados estão a transferir doentes para outras unidades longe da capital. Hospital de Santarém recebeu quatro doentes do Amadora-Sintra.

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Coordenador do Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da covid-19 na região de LVT, Rui Portugal, LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A Área Metropolitana de Lisboa continua no centro das preocupações, as medidas para tentar conter o surto epidémico de covid-19 multiplicam-se e há doentes a ser transferidos para hospitais a muitas dezenas de quilómetros. Esta segunda-feira foi anunciado um novo reforço de médicos para a identificação e o mapeamento dos casos activos e de equipas multidisciplinares no terreno, que terão o apoio das forças de segurança, caso seja necessário garantir que os isolamentos são cumpridos.

O reforço foi anunciado na habitual conferência de imprensa para balanço da situação epidemiológica, no dia em que foram registados mais 266 novos casos de infecção pelo novo coronavírus em todo o país, 225 dos quais em Lisboa e Vale do Tejo (LVT). O coordenador do Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da covid-19 na região de LVT, Rui Portugal, adiantou que vai haver um reforço das equipas multidisciplinares no terreno. São três equipas no concelho de Loures, duas na Amadora, três em Sintra e, “para já”, outras três na cidade de Lisboa. Além de elementos da Protecção Civil e da Segurança Social, estas equipas contam com "um apoio das forças de segurança, se necessário para que seja efectivado o isolamento”, enfatizou.

Respondendo às críticas de falta de coordenação entre os diversos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo e ao facto de os hospitais de Amadora-Sintra e de Loures estarem a transferir doentes para unidades hospitalares como a de Abrantes e o Hospital Militar em vez do Hospital Curry Cabral (Lisboa), Rui Portugal lembrou que a coordenação entre hospitais é realizada pelas administrações regionais de saúde mas considerou que as opções que foram feitas “são provavelmente as melhores opções relativamente aos contextos dos doentes” e frisou que não é “obrigatório que a referenciação de todos os casos de doenças infecciosas seja feita para hospitais de referência [Curry Cabral]”.

O director clínico do Hospital de Santarém revelou, entretanto, à Lusa que a unidade recebeu quatro pessoas infectadas com covid-19 provenientes do Hospital Amadora-Sintra. “Até ao momento, foram solicitados oito internamentos, mas só enviaram quatro doentes”, disse Paulo Sintra. “Foram enviados doentes com 83, 97 anos, e outro vindo da Guiné para tratamento específico com comorbilidades”, especificou, adiantando que “um dos doentes com 83 anos, que à chegada era covid negativo e estava assintomático, após dois dias de internamento no HDS [Hospital de Santarém]”, já não foi recebido pelo Amadora-Sintra.

"Não há sobrecarga"

Contextualizando os números, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, lembrou na conferência de imprensa que, desde 13 de Maio, a região de Lisboa e Vale do Tejo é a que mais testa em Portugal e desdramatizou a situação. As unidades de cuidados intensivos nos hospitais da região têm uma taxa de ocupação de 66%, quando no resto do país esta é de 65%, assinalou. “Destes, apenas 20% são doentes covid. Não há sobrecarga e existe capacidade para continuar a dar resposta às necessidades”, asseverou. O número de doentes internados em cuidados intensivos baixou esta segunda-feira para 71 (menos quatro do que no domingo), apesar de o número de doentes internados em enfermaria geral ter aumentado para 489 (mais 31), a maior subida em quase dois meses.

Lacerda Sales adiantou ainda que haverá um novo reforço de médicos de saúde pública das unidades dos concelhos mais afectados na Área Metropolitana Lisboa. Na semana passada foram anunciados vinte e agora “está em curso a entrada de cerca de 80 médicos internos provenientes de vários hospitais”, disse. “Este reforço é crucial para o mapeamento e georreferenciação de todos os casos activos no concelho e freguesia, para que sigamos rapidamente as cadeias de transmissão da região e as possamos conter”. com Lusa

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