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De Nova Iorque a Tapei, o orgulho saiu à rua para assinalar 50 anos de marchas LGBTQ+
A maior parte das marchas que todos os anos enchem as ruas de arco-íris foi cancelada devido à pandemia. Eventos online foram recomendados mas isso não impediu a comunidade LGBT de sair à rua.
Desde o Verão de 1969 que a comunidade LGBT tem um carinho especial pelo mês de Junho, mês da celebração do orgulho e amor gay. Durante a madrugada de 28 de Junho desse ano, a polícia invadiu um bar gay em Nova Iorque, o Stonewall Inn. Pela primeira vez, a comunidade LGBT ripostou e os confrontos duraram seis dias. A conhecida revolta de Stonewall foi um momento crucial para a luta pelos direitos LGBT. No ano seguinte, e em honra à revolta, realizou-se a primeira Marcha do Orgulho nos Estados Unidos, celebração que se mantém até aos dias de hoje.
Num misto de amor e orgulho pelas cores do arco-íris, o dia 28 de Junho celebra a comunidade LGBT e a luta pelos direitos e liberdades que alguns (ainda) não têm. Devido à pandemia, as marchas tão características de Junho não se realizaram nos moldes habituais — no entanto, a data não passou ao lado. Houve quem seguisse as recomendações e celebrasse em casa e também houve quem, munido de máscara e orgulho, se arriscasse nas ruas.
Foi o caso de Nova Iorque, cidade onde se assinalou, este fim-de-semana, a 50.ª Marcha do Orgulho LGBT. Devido à pandemia, a marcha foi cancelada pela primeira vez em meio século. Em alternativa, a organização responsável pelo evento, Heritage of Pride, juntou-se ao Global Pride, uma versão da celebração online, disponível a nível mundial que começou sábado. Apesar da opção virtual, alguns membros da comunidade saiu e decorou as ruas.
Em diversas cidades israelitas como Telavive e Jerusalém, as marchas também foram canceladas e foram substituídas por alternativas virtuais. Mas tal como em Nova Iorque, isso não impediu que os manifestantes saíssem à rua. Apesar de o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser legal em Israel e de Telavive ser considerada a capital gay do Médio Oriente, o Governo não reconhece os casais homossexuais. Contudo, o presidente da câmara de Telavive, Ron Huldai, desafiou o Governo israelita e anunciou no Facebook, na semana passada, que a cidade vai passar a reconhecer o casamento LGBT. Desta forma, os casais que vivem juntos vão poder usufruir dos mesmos direitos que os casais heterossexuais. Sendo uma parte da população israelita religiosa e conservadora, já aconteceram diversos ataques a membros da comunidade LGBT — um ataque que se destacou foi a morte de uma adolescente de 16 anos que foi esfaqueada enquanto participava numa marcha gay em Jerusalém.
A marcha na Cidade do México foi outra das celebrações canceladas pela pandemia. Segundo a AFP, apesar do isolamento imposto pela covid-19, cerca de 200 pessoas marcharam pela Avenida Reforma – em anos anteriores eram dezenas de milhares. A marcha (que também teve um evento online) honrava membros da comunidade LGBT que foram vítimas de homicídio, uma realidade bem presente no México. Apesar disso, o casamento entre pessoas do mesmo sexo já é legal na Cidade do México há dez anos e a mudança de sexo no registo civil é legal desde 2015.
Também em Taiwan, o primeiro país asiático a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, as pessoas saíram à rua. Mas ao contrário de Nova Iorque, a Marcha do Orgulho LGBT, em Taipé, foi das poucas que não foi cancelada, apenas reduzida. Ainda assim, segundo a agência noticiosa do Taiwan citada pela Time, mais de mil pessoas celebraram os direitos LGBT e o sucesso do país a combater a pandemia, no domingo.
Em Portugal, a Marcha do Orgulho LGBT+ ia cumprir a sua 21.ª edição, mas devido à pandemia, a tradição não se concretizou. Em vez disso, o dinheiro que estava reservado à organização da marcha encontrou outra maneira de honrar a data — uma rede de apoio a membros da comunidade LGBT+ e outros grupos minoritários que estejam a enfrentar dificuldades devido à covid-19.
Texto editado por Bárbara Wong