De Nova Iorque a Tapei, o orgulho saiu à rua para assinalar 50 anos de marchas LGBTQ+

A maior parte das marchas que todos os anos enchem as ruas de arco-íris foi cancelada devido à pandemia. Eventos online foram recomendados mas isso não impediu a comunidade LGBT de sair à rua.

Cidade do México, México. Participante da marcha LGBT agita uma bandeira no Anjo da Independência, monumento onde a celebração do orgulho gay começa há 42 anos REUTERS/Henry Romero
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Cidade do México, México. Participante da marcha LGBT agita uma bandeira no Anjo da Independência, monumento onde a celebração do orgulho gay começa há 42 anos REUTERS/Henry Romero

Desde o Verão de 1969 que a comunidade LGBT tem um carinho especial pelo mês de Junho, mês da celebração do orgulho e amor gay. Durante a madrugada de 28 de Junho desse ano, a polícia invadiu um bar gay em Nova Iorque, o Stonewall Inn. Pela primeira vez, a comunidade LGBT ripostou e os confrontos duraram seis dias. A conhecida revolta de Stonewall foi um momento crucial para a luta pelos direitos LGBT.  No ano seguinte, e em honra à revolta, realizou-se a primeira Marcha do Orgulho nos Estados Unidos, celebração que se mantém até aos dias de hoje.

Num misto de amor e orgulho pelas cores do arco-íris, o dia 28 de Junho celebra a comunidade LGBT e a luta pelos direitos e liberdades que alguns (ainda) não têm. Devido à pandemia, as marchas tão características de Junho não se realizaram nos moldes habituais — no entanto, a data não passou ao lado. Houve quem seguisse as recomendações e celebrasse em casa e também houve quem, munido de máscara e orgulho, se arriscasse nas ruas.

Foi o caso de Nova Iorque, cidade onde se assinalou, este fim-de-semana, a 50.ª Marcha do Orgulho LGBT. Devido à pandemia, a marcha foi cancelada pela primeira vez em meio século. Em alternativa, a organização responsável pelo evento, Heritage of Pride, juntou-se ao Global Pride, uma versão da celebração online, disponível a nível mundial que começou sábado. Apesar da opção virtual, alguns membros da comunidade saiu e decorou as ruas.

Em diversas cidades israelitas como Telavive e Jerusalém, as marchas também foram canceladas e foram substituídas por alternativas virtuais. Mas tal como em Nova Iorque, isso não impediu que os manifestantes saíssem à rua. Apesar de o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser legal em Israel e de Telavive ser considerada a capital gay do Médio Oriente, o Governo não reconhece os casais homossexuais. Contudo, o presidente da câmara de Telavive, Ron Huldai, desafiou o Governo israelita e anunciou no Facebook, na semana passada, que a cidade vai passar a reconhecer o casamento LGBT. Desta forma, os casais que vivem juntos vão poder usufruir dos mesmos direitos que os casais heterossexuais. Sendo uma parte da população israelita religiosa e conservadora, já aconteceram diversos ataques a membros da comunidade LGBT — um ataque que se destacou foi a morte de uma adolescente de 16 anos que foi esfaqueada enquanto participava numa marcha gay em Jerusalém.

A marcha na Cidade do México foi outra das celebrações canceladas pela pandemia. Segundo a AFP, apesar do isolamento imposto pela covid-19, cerca de 200 pessoas marcharam pela Avenida Reforma – em anos anteriores eram dezenas de milhares. A marcha (que também teve um evento online) honrava membros da comunidade LGBT que foram vítimas de homicídio, uma realidade bem presente no México. Apesar disso, o casamento entre pessoas do mesmo sexo já é legal na Cidade do México há dez anos e a mudança de sexo no registo civil é legal desde 2015.

Também em Taiwan, o primeiro país asiático a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, as pessoas saíram à rua. Mas ao contrário de Nova Iorque, a Marcha do Orgulho LGBT, em Taipé, foi das poucas que não foi cancelada, apenas reduzida. Ainda assim, segundo a agência noticiosa do Taiwan citada pela Time, mais de mil pessoas celebraram os direitos LGBT e o sucesso do país a combater a pandemia, no domingo.

Em Portugal, a Marcha do Orgulho LGBT+ ia cumprir a sua 21.ª edição, mas devido à pandemia, a tradição não se concretizou. Em vez disso, o dinheiro que estava reservado à organização da marcha encontrou outra maneira de honrar a data — uma rede de apoio a membros da comunidade LGBT+ e outros grupos minoritários que estejam a enfrentar dificuldades devido à covid-19.

Texto editado por Bárbara Wong

Cidade do México, México. A comunidade LGBT mexicana apelou a uma celebração via online do orgulho gay, como medida de protecção, mas a recomendação não impediu uma activista de cantar nas ruas
Cidade do México, México. A comunidade LGBT mexicana apelou a uma celebração via online do orgulho gay, como medida de protecção, mas a recomendação não impediu uma activista de cantar nas ruas REUTERS/Henry Romero
Madrid, Espanha. Manifestantes participam na marcha da plataforma Critical Pride de Madrid, em plena pandemia
Madrid, Espanha. Manifestantes participam na marcha da plataforma Critical Pride de Madrid, em plena pandemia REUTERS/Javier Barbancho
Madrid, Espanha. Duas manifestantes beijam-se durante a marcha organizada na capital espanhola
Madrid, Espanha. Duas manifestantes beijam-se durante a marcha organizada na capital espanhola REUTERS/Javier Barbancho
Madrid, Espanha. Apesar da pandemia, as ruas de Madrid encheram-se de pessoas munidas de máscaras e cartazes coloridos
Madrid, Espanha. Apesar da pandemia, as ruas de Madrid encheram-se de pessoas munidas de máscaras e cartazes coloridos REUTERS/Javier Barbancho
Telavive, Israe. Uma mulher olha para o telemóvel durante uma marcha de orgulho gay, celebração que foi reduzida devido à covid-19
Telavive, Israe. Uma mulher olha para o telemóvel durante uma marcha de orgulho gay, celebração que foi reduzida devido à covid-19 REUTERS/Amir Cohen
Telavive, Israel. Um participante de lenço arco-íris a fazer de máscara acena durante a marcha para celebrar o orgulho gay que foi reduzida devido à pandemia
Telavive, Israel. Um participante de lenço arco-íris a fazer de máscara acena durante a marcha para celebrar o orgulho gay que foi reduzida devido à pandemia REUTERS/Amir Cohen
Telavive, Israel. Manifestantes com leques, máscaras e bonés arco-íris na capital gay do Médio Oriente
Telavive, Israel. Manifestantes com leques, máscaras e bonés arco-íris na capital gay do Médio Oriente REUTERS/Amir Cohen
Jerusalém, Israel. Manifestantes durante a marcha pelo orgulho gay que fez 1.250 pessoas saírem de casa, celebração também reduzida por causa da pandemia
Jerusalém, Israel. Manifestantes durante a marcha pelo orgulho gay que fez 1.250 pessoas saírem de casa, celebração também reduzida por causa da pandemia REUTERS/Ronen Zvulun
Berlim, Alemanha. Rodeadas de pessoas, manifestantes envolvem-se em bandeiras LGBT
Berlim, Alemanha. Rodeadas de pessoas, manifestantes envolvem-se em bandeiras LGBT REUTERS/Hannibal Hanschke
Berlim, Alemanha. Durante o evento Berlin Pride 2020, manifestantes a segurar bandeiras arco-íris sorriem, na capital alemã
Berlim, Alemanha. Durante o evento Berlin Pride 2020, manifestantes a segurar bandeiras arco-íris sorriem, na capital alemã REUTERS/Hannibal Hanschke
Berlim, Alemanha. Participante do evento de celebração do orgulho gay usa máscara em tons arco-íris e purpurinas
Berlim, Alemanha. Participante do evento de celebração do orgulho gay usa máscara em tons arco-íris e purpurinas REUTERS/Hannibal Hanschke
Londres, Inglaterra. O veterano britânico Peter Tatchell, defensor dos direitos LGBT, participa na marcha da Frente de Libertação Gay (GLF)
Londres, Inglaterra. O veterano britânico Peter Tatchell, defensor dos direitos LGBT, participa na marcha da Frente de Libertação Gay (GLF) REUTERS/Simon Dawson
Londres, Inglaterra. Manifestantes com máscaras faciais participam na marcha da Frente de Libertação Gay (GLF) na capital britânica
Londres, Inglaterra. Manifestantes com máscaras faciais participam na marcha da Frente de Libertação Gay (GLF) na capital britânica REUTERS/Simon Dawson
Taipé, Taiwan. Durante o Pride Parade For the World do Taiwan, dois participantes beijam-se para uma fotografia
Taipé, Taiwan. Durante o Pride Parade For the World do Taiwan, dois participantes beijam-se para uma fotografia REUTERS/Ann Wang
Taipé, Taiwan. Manifestantes dançam para celebrar a data e o sucesso do país a combater a pandemia
Taipé, Taiwan. Manifestantes dançam para celebrar a data e o sucesso do país a combater a pandemia REUTERS/Ann Wang
Mineápolis, Estados Unidos. Alex Hamlin dança em frente ao Departamento de Polícia de Mineápolis antes da marcha de apoio à comunidade LGBT e ao movimento Black Lives Matter
Mineápolis, Estados Unidos. Alex Hamlin dança em frente ao Departamento de Polícia de Mineápolis antes da marcha de apoio à comunidade LGBT e ao movimento Black Lives Matter REUTERS/Nicole Neri
Mineápolis, Estados Unidos. Na cidade onde George Floyd foi assassinado por um agente, os apelos pelos direitos LGBTQ+ juntaram-se às vozes do movimento Black Lives Matter
Mineápolis, Estados Unidos. Na cidade onde George Floyd foi assassinado por um agente, os apelos pelos direitos LGBTQ+ juntaram-se às vozes do movimento Black Lives Matter REUTERS/Nicole Neri
Nova Iorque, Estados Unidos. Manifestante marca o 51º aniversário da revolta de Stonewall
Nova Iorque, Estados Unidos. Manifestante marca o 51º aniversário da revolta de Stonewall REUTERS/Eduardo Munoz
Nova Iorque, Estados Unidos. Em muitas cidades norte-americanas, os manifestantes que lutam pelos direitos LGBT juntaram o movimento BLM à celebração
Nova Iorque, Estados Unidos. Em muitas cidades norte-americanas, os manifestantes que lutam pelos direitos LGBT juntaram o movimento BLM à celebração REUTERS/Eduardo Munoz
Nova Iorque, Estados Unidos. Uma manifestante faz a espargata em frente a um carro da polícia, impedindo-o de passar
Nova Iorque, Estados Unidos. Uma manifestante faz a espargata em frente a um carro da polícia, impedindo-o de passar REUTERS/Eduardo Munoz
Nova Iorque, Estados Unidos. Para além dos direitos LGBT e do movimento BLM, um manifestante defende outras causas segurando diversos cartazes
Nova Iorque, Estados Unidos. Para além dos direitos LGBT e do movimento BLM, um manifestante defende outras causas segurando diversos cartazes REUTERS/Eduardo Munoz
Nova Iorque, Estados Unidos. Um manifestante com asas arco-íris a defender a liberdade LGBT
Nova Iorque, Estados Unidos. Um manifestante com asas arco-íris a defender a liberdade LGBT REUTERS/Eduardo Munoz
Nova Iorque, Estados Unidos. Manifestantes seguram uma bandeira LGBT a dizer paz e um cartaz a dizer amor, durante a marcha conjunta de luta pelos direitos LGBT e movimento BLM
Nova Iorque, Estados Unidos. Manifestantes seguram uma bandeira LGBT a dizer paz e um cartaz a dizer amor, durante a marcha conjunta de luta pelos direitos LGBT e movimento BLM REUTERS/Eduardo Munoz
Nova Iorque, Estados Unidos. Manifestante com um guarda-chuva arco-íris e uma máscara a apoiar o movimento BLM
Nova Iorque, Estados Unidos. Manifestante com um guarda-chuva arco-íris e uma máscara a apoiar o movimento BLM REUTERS/Eduardo Munoz