Bruno Lage vai a jogo sob pressão, mas defendido por Sérgio Conceição

Benfica e FC Porto disputam nesta segunda-feira a liderança do campeonato, frente a equipas em momentos diferentes: “encarnados” contra um Marítimo aflito, portuenses frente a um Paços de Ferreira tranquilo.

Foto
Bruno Lage JOSÉ COELHO

“Não gosto da forma como está ser discutido Bruno Lage. Não gosto. Mas faz parte deste mediatismo todo do futebol. Não gosto de ver um colega de profissão, seja quem for – o Lage, o Pepa, o [Nuno] Manta – a ser assim tratado. São treinadores e meus colegas de profissão”. Foi Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, o autor desta defesa pública a Bruno Lage, técnico do Benfica.

Apesar da defesa feita pelo rival, não há compaixão que valha a Lage na noite desta segunda-feira. Ganhando ao Marítimo, na Madeira (18h), deverá ter “comprado” pelo menos mais um jogo como treinador do Benfica. Empatando ou perdendo, não só poderá ver fugir – ainda mais – o FC Porto no topo da I Liga como, provavelmente, verá a direcção “encarnada” fazer o que chegou a parecer inevitável na última semana: despedir o técnico.

Neste momento, o Benfica está três pontos atrás do FC Porto, uma diferença que é, na prática, de quatro pontos (os “dragões” têm vantagem no confronto directo). Este estado de coisas significa, a seis jornadas do final da I Liga, que Lage e o Benfica dificilmente sobrevivem a mais uma perda de pontos, depois de apenas terem somado uma vitória nos últimos seis jogos para o campeonato.

Assim, no Funchal, joga-se “pela vida”. O Benfica pode ver, como já referido, o título a fugir-lhe pelos dedos, mas o Marítimo, que somou uma vitória nos últimos sete jogos, não tem menos pressão: com 28 pontos, já só tem quatro de vantagem para o Portimonense, podendo acabar a ronda com uma vantagem mínima para a zona de descida de divisão. E o calendário, recorde-se, não é amigável: nas últimas seis jornadas defronta seis equipas do top-10: Benfica, Santa Clara, Boavista, Rio Ave, V. Guimarães e Famalicão.

Para este jogo, a antevisão, no caso do Benfica, não merece um destaque diferente das anteriores: são as bolas paradas, sempre elas. A equipa “encarnada” continua a sofrer golos por esta via a cada partida, sendo que o Marítimo é uma equipa forte nas bolas paradas ofensivas (nove golos). E, para este jogo, nem há o “patrão” da defesa, Rúben Dias, que vai cumprir castigo.

Bruno Lage está consciente deste facto, apesar de dizer que não pode pedir uma postura diferente aos jogadores da defesa nestes lances. “O que não podemos dar de raiz é altura aos nossos jogadores ou uma postura diferente nesses momentos. O que temos de fazer, enquanto treinadores, é trabalhar muito para esconder as nossas fraquezas e potenciar as nossas virtudes”, apontou, na antevisão da partida.

Já José Gomes, treinador dos madeirenses, recusou sentir uma vantagem pelo mau momento do adversário. “O que dá confiança às equipas são as vitórias. Às equipas, ao processo, aos treinadores e aos clubes. A esse nível, não estão a um nível de grande confiança. Agora, seria um erro terrível se pensássemos que, porque o Benfica vem de um momento menos conseguido, estará fragilizado e será um adversário fácil, porque não é verdade”, considerou.

FC Porto frente a um bom Paços

A partir das 21h15, já sabendo o que aconteceu ao Benfica, o FC Porto jogará em Paços de Ferreira frente a uma equipa que, comandada por Pepa e fruto de duas vitórias frente a dois rivais directos (Belenenses SAD e Tondela), praticamente garantiu a permanência.

Para o FC Porto, a “receita” é simples: os “dragões” fizeram, no último jogo, uma das melhores exibições da temporada, goleando o Boavista, pelo que só têm de a repetir. No derby portuense, Conceição inovou com a posição diferente dada a Corona, nas costas de dois avançados: Soares mais fixo e Marega mais móvel – mais até do que o habitual, explorando a “confusão” provocada ao adversário pela presença de Corona perto da área e em zonas interiores. E foi assim que o maliano “destruiu” um Boavista incapaz de acertar o passo durante a partida.

Frente ao Paços, porém, a história poderá ser diferente. E Sérgio Conceição sabe porquê. “O Paços é a segunda equipa com mais pontos depois da retoma, é consistente, sabe o que faz em campo, bem orientada e com certeza criará problemas”, elogiou, na antevisão do jogo.

Já Pepa apontou, precisamente, as valências já reconhecidas ao FC Porto. “Tem dois jogadores fantásticos no jogo interior, o Corona e o Otávio (…) e com Marega na procura da profundidade”, destacou.

Sugerir correcção