O Benfica foi à Madeira e levou a crise atrás

“Encarnados” derrotados por 2-0 pelo Marítimo. Segunda derrota consecutiva para as “águias”, que podem ficar seis pontos atrás do FC Porto.

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LUSA/HOMEM DE GOUVEIA
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LUSA/GREGÓRIO CUNHA/POOL

Longe vão os tempos em que Bruno Lage tinha o toque, era o salvador e a solução. Qualquer equipa que ele lançasse, qualquer combinação de 11 jogadores que estivessem em campo com a camisola do Benfica sairia com os três pontos. Isso foi verdade na segunda metade da época passada (e valeu um título) e estava a ser verdade na primeira metade desta época (liderança confortável e caminho aberto para o bicampeonato). Isso foi já no longínquo mês de Fevereiro, há cinco meses, três dos quais sem futebol. Mas a sucessão de maus resultados transformou Lage, o visionário que apostou em João Félix e outros jovens, em Lage, o desnorteado que não ganha a ninguém. E a derrota com o Marítimo (2-0) selou-lhe o destino. Um destino pedido pelo próprio técnico, como diria Luís Filipe Vieira.

Só uma vitória nos Barreiros iria adiar a saída do técnico e manter o Benfica bem dentro da corrida pelo título. Para que isso acontecesse, mudou muita gente em relação à derrota na jornada anterior com o Santa Clara, alguns por opção técnica, outros por impedimentos físicos e disciplinares. Voltou Vinícius, voltou Chiquinho, voltou Samaris e o Benfica apresentou-se em campo com uma vontade grande de marcar cedo. Teria, para isso, de ultrapassar um Marítimo formatado para defender, sem ambição ofensiva. Era bastante clara a intenção de José Gomes frente aos “encarnados”: aguentar o 0-0 até ao limite das suas forças.

Logo de início, o Marítimo deu a bola ao Benfica e desafiou os “encarnados” a marcar. E, logo aos 3’, o marcador dos Barreiros esteve quase a funcionar. Tavares fez o cruzamento perfeito a partir do lado esquerdo e Chiquinho rematou na passada, mas a viagem da bola até à baliza foi interrompida por Amir, o guardião iraniano do Marítimo. Pouco depois, aos 17’, foi Chiquinho a fazer o cruzamento para servir Vinícius, mas o melhor marcador do campeonato também não conseguiu bater o iraniano.

Durante metade da primeira parte, o Benfica fez quase tudo bem. Foi dominante, criou ocasiões e deixou a defesa maritimista em sobressalto, mas as bolas não entravam e as “águias” cedo começaram a perder clarividência. A única vez que a bola entrou numa das balizas durante o primeiro tempo foi aos 23’. Nanú acelerou desde o seu meio-campo foi até à entrada da área benfiquista e fez o passe para Rodrigo Pinho, que bateu Vlachodimos, mas a jogada foi invalidada por fora-de-jogo do brasileiro.

A urgência da vitória foi-se transformando em desespero para o Benfica e para Bruno Lage, que esperou até quase à hora de jogou para mudar. Entraram Seferovic e Rafa para os lugares de Vinícius e Samaris, e o perfil do jogo não mudou. Marítimo a defender e Benfica a atacar (e a falhar). O suíço teve uma bola de golo aos 65’, mas chegou atrasado a um cruzamento de André Almeida. Oito minutos depois, mais uma dupla substituição no Benfica, esta, sim, a cheirar a desespero, com as idas a jogo de Dyego Sousa e Zivkovic.

E o que aconteceu a seguir? Equipa desequilibrada e defeitos mais expostos. E bastaram duas arrancadas de Nanú em cinco minutos para decidir tudo. Aos 74’, o lateral guineense passou por Ferro e Zivkovic e deixou a bola para Correa, que só teve de empurrar para o 1-0. E aos 78’, quase a mesma jogada deu o 2-0 para o Marítimo. Só mudou o marcador. Nanú foi por ali fora e deixou a bola para o encosto de Rodrigo Pinho.

O Marítimo ainda teve mais um golo invalidado (de Joel, por fora-de--jogo), mas, da forma como as coisas estavam, já não fazia diferença. Os insulares ficaram mais tranquilos na luta pela manutenção, o Benfica vai continuar a gerir a sua crise no pós-confinamento, em que só conquistou cinco pontos em 15 possíveis.

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