E que tal comemorarmos o Dia Internacional do Asteróide online?

Os asteróides e o seu impacto fazem parte da história do planeta Terra. Numa transmissão online pode conhecer os programas espaciais sobre esses objectos, bem como nos estamos a proteger deles.

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Agência Espacial Europeia

Esta terça-feira comemora-se o Dia Internacional do Asteróide. Para o assinalar, a Fundação Asteróide (com sede no Luxemburgo) tem uma programação online dedicada a este dia. E há asteróides que nunca se esquecem: na edição desta segunda-feira da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) uma equipa de cientistas do Reino Unido volta a acender o debate sobre a extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos e sugere que a principal causa foi mesmo o impacto do asteróide e não o vulcanismo.

Este ano, as actividades do Dia Internacional do Asteróide são completamente online. Na TV do Dia do Asteróide têm vindo a ser disponibilizados programas sobre a temática. Esta terça-feira (no Dia Internacional do Asteróide) haverá nessa TV da Fundação do Asteróide painéis de discussão e entrevistas com astronautas. Esta programação inclui conteúdos da Agência Espacial Europeia, BBC, CNN ou do Observatório Europeu do Sul. A comemoração durará várias horas ao longo do dia e os conteúdos serão transmitidos em inglês, mas desde 26 de Junho que têm sido divulgados conteúdos em italiano, alemão, francês, holandês e espanhol (que serão repetidos até 4 de Julho).

Entre os temas transmitidos estão recentes descobertas sobre asteróides ou a chegada iminente à Terra de amostras dos asteróides Ryugu e Benu, bem como as preparações para a missão conto da Europa e dos Estados Unidos ao asteróide Didymo. “As missões de exploração de asteróides dão-nos pistas sobre o nascimento do nosso próprio planeta e revelam-nos como os asteróides podem servir como trampolim para Marte”, afirma em comunicado Tom Jones, astronauta, cientista e membro do Painel de Especialistas do Dia do Asteróide.

Para este dia, a Agência Espacial Europeia escolheu destacar como está a proteger a Terra do impacto dos asteróides, por exemplo de observações a longo prazo, bem como a existência do Centro de Coordenação de Objectos Próximos à Terra (que coordena observações de asteróides) e a construção dos telescópios Flyeye (que facilitarão a detecção automática de asteróides). “Um impacto de um asteróide é um desastre natural que poderá ser evitado se o virmos aproximar-se com antecedência”, assinala Jan Wörner, director-geral da ESA.

O Dia Internacional do Asteróide é sempre celebrado a 30 de Junho. Afinal, foi nesse mesmo dia em 1908 que o impacto do meteorito de Tunguska causou a destruição de milhões de árvores em 2200 quilómetros quadrados da Sibéria. No comunicado destaca-se que, se tivesse caído numa zona povoada na Europa, “os resultados teriam sido desastrosos”.

Para marcar esta data histórica, em 2014, Brian May (astrofísico e membro da banda Queen), Danica Remy (presidente da Fundação B612, dedicada a proteger a Terra de asteróides), Rusty Schweickart (astronauta da missão Apolo 9) e Grig Richters (cineasta) fundaram este dia. Em 2016, as Nações Unidas designaram oficialmente o Dia Internacional do Asteróide como um dia de consciencialização e educação sobre estes corpos rochosos.

Uma extinção em massa

Mas há asteróides que nunca nos saem da cabeça – mesmo que tenham caído na Terra há milhões de anos. É o caso de um asteróide com cerca de dez quilómetros de diâmetro que embateu no nosso planeta há 66 milhões de anos e formou a cratera de Chicxulub (que tinha entre cerca de 180 e 200 quilómetros de diâmetro), na península do Iucatão, no México. Na altura deste impacto, os dinossauros não-avianos extinguiram-se, o que também coincidiu com intensas erupções vulcânicas no Decão, na actual Índia. A contribuição e o papel destes dois factores na extinção em massa dos dinossauros têm sido motivo de debate.

“As provas que mostram que o asteróide causou a extinção dos dinossauros (excepto as aves) são muitas: por exemplo, há uma camada de rochas à volta do planeta cheia de minerais que apenas se encontra nos asteróides e está datada com 66 milhões de anos, exactamente quando a extinção ocorreu”, começa por dizer Alfio Alessandro Chiarenza, cientista do Imperial College de Londres e primeiro autor do artigo na PNAS.

Usando modelos climáticos, a sua equipa testou várias hipóteses a nível dos factores que levaram à extinção dos dinossauros. Reproduziu-se tanto o impacto do asteróide como as erupções vulcânicas no habitat onde os dinossauros teriam vivido.

Verificou-se que houve uma redução entre 10% e 15% na luz solar causada pelo impacto do asteróide, o que resultou num arrefecimento global que teria eliminado os habitats apropriados para os dinossauros viverem. “Percebemos que apenas os modelos relativos ao asteróide levavam a uma extinção nas áreas onde os dinossauros eram capazes de viver”, realça o cientista.

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Ilustração do dia em que um asteróide embateu na Terra e contribuiu para a extinção dos dinossauros Chase Stone

Já as erupções vulcânicas teriam levado a uma redução menor na luz solar, o que teria sido insuficiente para causar por si só a extinção dos dinossauros, segundo os modelos da equipa. Além disso, ressalva-se que essas erupções teriam aumentado o dióxido carbono na atmosfera, levando a um aquecimento global e, a longo prazo, a um aumento de habitats adequados para os dinossauros. Por fim, ao juntar-se o impacto do asteróide e de intensas erupções vulcânicas nas simulações, viu-se que teria havido um aumento acelerado da recuperação climática após o impacto.

Desta forma, seguindo as pistas dos seus modelos, a equipa sugere que o impacto do asteróide foi o principal factor que levou à extinção dos dinossauros não-avianos. “O vulcanismo deve ter atenuado a extinção, acelerando a recuperação da vida depois da catástrofe”, considera ainda Alfio Alessandro Chiarenza.

Agora, o cientista está interessado em perceber melhor como é que outros animais, como aves, tartarugas, lagartos e mamíferos, se adaptaram para se abrigar pelo “Inverno” relacionado com a extinção dos dinossauros não-avianos, bem como conseguiram explorar os habitats deixados pelos dinossauros. Afinal, muitas espécies acabaram por prosperar e outras acabaram por surgir após essa extinção em massa.

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