Açores pagam testes à covid-19 no continente a quem quiser visitar o arquipélago

A partir de Julho, o Governo Regional dos Açores vai assumir custos com testes feitos no continente a passageiros que queiram ir para a região. Medida agrada ao sector do turismo, numa altura em que o arquipélago tem três casos de covid-19.

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A partir de um de Julho, quem quiser ir aos Açores poderá ser testado previamente à covid-19 no continente. O Governo Regional, através da secretaria da Saúde, anunciou que irá fazer “convenções com laboratórios privados e do sector social” para facilitar os procedimentos para quem quiser viajar para o arquipélago. O teste deverá ser feito 72 horas antes da viagem e se for positivo o passageiro já não embarcará para a região. 

As regras para quem chega aos Açores mantêm-se. Os passageiros terão de apresentar um teste negativo à covid-19 à chegada ou submeterem-se ao despiste aquando do desembarque e permanecerem em isolamento profiláctico até à divulgação do resultado. A diferença é que agora os testes serão todos pagos pelo governo açoriano, enquanto antes a região apenas assumia os encargos dos testes feitos à chegada.

A maioria dos passageiros que chega aos Açores opta por realizar o teste aquando do desembarque. Do ponto de vista prático, com a nova medida, a partir do próximo mês, o passageiro evita custos com o teste e a exigência de ter de ficar em isolamento à espera do resultado. 

O comunicado divulgado pelo executivo regional, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, explica que os “cidadãos poderão escolher o laboratório no qual pretendem fazer o seu teste de despiste do novo coronavírus entre a lista de entidades convencionadas, que será divulgada no portal do Governo dos Açores”. Depois, os passageiros deverão apresentar o “comprovativo de reserva” e do “pagamento da viagem” para dar início ao processo. 

Apesar de ainda não serem conhecidas as localizações dos laboratórios, fonte oficial de secretaria da Saúde avançou ao PÚBLICO que o objectivo é cobrir “todo o território continental” e não apenas as “grandes cidades”. A excepção parece ser a região autónoma da Madeira, que, segundo a mesma fonte, não deverá ser contemplada – pelo menos para já - na rede de laboratórios. A divulgação da lista está dependente de “procedimentos legais” com os respectivos laboratórios, mas deverá ser conhecida “em breve”, fruto da pareceria entre o Governo dos Açores e a Associação Nacional de Laboratórios de Análises Clínicas. 

A medida é anunciada numa altura em que a covid-19 voltou à região. A cinco de Junho, depois de 146 casos e 16 óbitos, a Autoridade de Saúde dos Açores anunciava a recuperação do último infectado. Cinco dias depois, e após 23 dias sem novos casos, surge um novo infectado, que acabou por ser reencaminhado para o continente por se tratar de um militar em serviço. 

Mas com o desconfinamento e a retoma dos voos da Azores Airlines (do grupo público regional SATA) entre o arquipélago e o continente, apareceram novos casos. Actualmente, existem três infectados com covid-19 na região: dois em São Miguel e um na Terceira. 

“Simplificar” a chegada de turistas

A realização de testes na origem para quem queira ir para os Açores procura o equilíbrio entre as questões de saúde e a necessidade de trazer turistas para a região. O PSD/Açores já tinha sugerido a medida, também aplicada pela Madeira: “A região deveria estar a trabalhar para garantir que os testes feitos no aeroporto emissor e com destino aos Açores possam ser pagos pela região”, afirmou o presidente dos sociais-democratas açorianos, José Manuel Bolieiro, a 16 de Junho. 

Uma ideia que Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional, rejeitou a 22 de Junho, ao referir que o objectivo de conter a pandemia “não é só tarefa de uma entidade”, realçando que o executivo já assumia os custos dos testes realizados nos Açores.  

Na mesma semana, e depois de várias associações do sector do turismo (como a Associação Hotelaria de Portugal, Associação de Alojamento Local e a AHRESP) terem vindo a público defender a realização de testes feitos na origem, o Governo Regional recuou e decidiu avançar com a medida. 

“Estou satisfeito. Essa iniciativa responde a um anseio do sector do turismo que era o de ser menos complicado e menos demorado viajar para o destino Açores”, diz ao PÚBLICO Rui Anjos, presidente da delegação dos Açores da AHRESP, que representa empresários do sector da hotelaria e da restauração. O empresário refere que a medida “salvaguarda” as questões de saúde, com “benesse” de ser “menos burocrática”. 

“Quem chega cá aos Açores pode ficar completamente livre de ir ao seu destino, sem confinamentos e sem mais demoras para usufruir do que a região tem para oferecer”, afirma o responsável da associação, frisando ser necessário continuar a trabalhar para “simplificar a vinda de turistas para a região”. 

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