Michéal Martin é o novo primeiro-ministro irlandês

Coligação junta os dois partidos que sempre alternaram no poder e Os Verdes. Martin promete fazer frente à mais rápida recessão de sempre na República da Irlanda.

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Micheál Martin é o novo taoiseach (primeiro-ministro) da Irlanda LUSA/MAXWELL PHOTOGRAPHY HANDOUT

O Parlamento da Irlanda escolheu este sábado o veterano líder da oposição Micheál Martin como primeiro-ministro para chefiar o primeiro governo de unidade entre dois partidos que até hoje sempre alternaram no poder.

O partido de Martin, Fianna Fail, foi obrigado a unir forças com o rival Fine Gael depois das últimas eleições, quando um resultado excepcionalmente bom para os nacionalistas do Sinn Féin fez com que nenhum dos partidos tivesse apoio suficiente para governar sozinho.

O primeiro-ministro cessante, Leo Varadkar, deverá voltar ao cargo a meio do mandato de cinco anos da coligação, segundo o acordo entre ambos os partidos que contam ainda com o apoio do ambientalista Os Verdes.

Martin, que terá como prioridade lançar um pacote de estímulo para os sectores financeiros mais atingidos pelo confinamento decretado por causa da covid-19, prometeu salvar a Irlanda “da recessão mais rápida que alguma vez atingiu” o país. 

“Não há qualquer dúvida sobre qual é a nossa tarefa mais urgente”, declarou Martin numa sessão especial do Parlamento, no Centro de Convenções de Dublin, porque o edifício parlamentar é demasiado pequeno para cumprir as regras de distanciamento físico.

“Temos de agir com urgência e ambição”, disse ainda o político do Fianna Fail, que esteve no Governo quando este assinou um empréstimo com a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) há dez anos, e cujos efeitos levaram a uma derrota eleitoral sem precedentes em 2011, muito pouco depois de assumir a liderança do partido.

Martin, um ex-professor de história de 59 anos, já foi ministro vários vezes, incluindo da Saúde, Comércio, Negócios Estrangeiros e Educação. Neste momento, o país enfrenta uma crise com uma taxa de desemprego de 26%, incluindo temporário e permanente. Quando se realizaram as eleições, em Fevereiro, o desemprego era apenas de 4,8%, e as circunstâncias eram bastante diferentes. O que se discutia então era como dividir a riqueza gerada pela economia europeia que estava a crescer mais rapidamente. 

O Sinn Féin, dirigido por Mary Lou McDonald, menos absorvida na questão da unificação com a Irlanda do Norte – embora não abdique dela –, apostou então forte na componente social e laboral da mensagem, numa Irlanda sem grandes representantes à esquerda e que, à semelhança de outros Estados europeus, vivia um período de cansaço do eleitorado com o establishment político, fazendo pontaria às gerações mais jovens.

Teve 38 dos 160 lugares do Parlamento, o que não lhe garantiu uma maioria suficiente para governar sozinha, e os partidos que sempre foram rivais uniram-se para impedir o Sinn Féin de chegar ao poder. 

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