Covid-19: Suécia queixa-se de “erro” da OMS, que a indica como país com “transmissão acelerada”

Organização Mundial de Saúde inclui Suécia em grupo de 11 países problemáticos na Europa. Em Abril, apresentava Estocolmo como um potencial exemplo para os países que saíam do confinamento.

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Anders Tegnell queixa-se de que a OMS não teve em conta que o número de casos graves está a diminuir na Suécia Reuters/TT NEWS AGENCY

A Suécia não gostou de se ver incluída numa lista de 11 países em que “a transmissão acelerada” de infecções pelo SARS-CoV-2 “não só levou a um ressurgimento significativo como, se for deixado sem acompanhamento, irá levar de novo sistemas de saúde à beira da ruptura na Europa”, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Suécia aparece citada ao lado da Arménia, Moldova, Macedónia do Norte, Azerbaijão, Cazaquistão, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Quirguistão, Ucrânia e Kosovo.

O responsável pelo acompanhamento da pandemia na Suécia, Anders Tegnell, classificou a inclusão na lista como um “erro completo” da parte da OMS, que não teve em conta, argumentou, que o número de testes aumentou muito, e isso levou também à detecção de um maior número de infecções. O sistema de saúde sueco, sublinhou, nunca esteve à beira da ruptura e continua a não estar.

A OMS tinha, antes, chegado a falar da Suécia como um modelo para os países que começavam a sair do confinamento. Mike Ryan, especialista em emergências, afirmou, no final de Abril, que “se pensarmos que temos de ter um novo normal, a Suécia pode ser um modelo se quisermos voltar a uma sociedade sem confinamentos”. 

Agora, Hans Henri Kluge, o director regional para a Europa da OMS, juntou a Suécia a países que “estão a correr o risco de ressurgimento enquanto ajustam medidas”.

Anders Tegnell sublinhou à rádio pública da Suécia que “o número de casos aumentou desde que começámos a testar muito mais, na semana passada”, e acrescentou: “podemos olhar para todos os outros parâmetros que medimos, que é quantos casos graves temos, e estão a diminuir”.

A abordagem sueca tem levado a muitas críticas, algumas aceites por Tegnell, que diz que deveriam ter sido tomadas mais medidas para proteger os mais idosos. A par das críticas (o diário norte-americano New York Times dizia recentemente que o país está a ter a experiência do que é ser um “Estado pária”), a política de Estocolmo tem também sido tomada como um exemplo por quem recusa medidas de isolamento e confinamento.

O país tem das maiores taxas de mortes per capita de covid-19, mas Tegnell e outros responsáveis têm argumentando que as comparações tanto de número de infectados como de mortos só poderão fazer-se no final da pandemia

Segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA), que compila dados das autoridades de saúde de todo o mundo, a Suécia registou 65 mil infecções e 5280 mortos (ao lado, a Noruega registou 8828 infecções e 249 mortes).

Há vários países que começaram com um bom controlo, como por exemplo Israel, mas onde está a haver surtos e um aumento significativo de casos. Noutros países, a OMS diz que apesar de estar a haver surtos, estes estão a ser controlados, como na Alemanha ou Itália.

O Governo sueco tinha prometido um inquérito à gestão da pandemia quando esta terminasse, mas anunciou que iria começar a fazê-la antes disso. 

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