América do Sul investe na vacinação contra a gripe enquanto a covid-19 se espalha

Os sintomas iniciais da infecção pelo novo coronavírus e a gripe sazonal são muito parecidos, o que pode dificultar o combate à pandemia.

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Campanha de vacinação contra a gripe sazonal em Buenos Aires, na Argentina AGUSTIN MARCARIAN/Reuters

Com a chegada do Inverno ao Hemisfério Sul, as autoridades de saúde sul-americanas estãom a intensificar os programas de vacinação contra a gripe sazonal, uma medida fundamental para garantir que os hospitais da região não ficam ainda mais sobrecarregados em plena pandemia de covid-19.

Profissionais de saúde de vários países, como Argentina, Chile ou Uruguai, salientaram à Reuters que diminuir a curva de casos de gripe sazonal é fundamental numa região que é, hoje, o epicentro da pandemia.

Em Buenos Aires, igrejas, escolas e centros de dia foram transformados em postos de vacinação. Para evitar ajuntamentos, os profissionais de saúde estão também a fazer visitas domiciliárias.

No Uruguai, o número de vacinações contra a gripe sazonal duplicou em relação em 2019, enquanto no Chile 95% da população de alto risco já foi vacinada, segundo os dados das autoridades de saúde citados pela Reuters.

Também o Brasil começou cedo a vacinar a sua população contra a gripe, mas teve de estender o programa de vacinação até final deste mês de Junho, para garantir que os grupos de risco não ficavam de fora.

Até ao momento, a contenção da gripe sazonal parece estar a ser bem-sucedida, com o número de contágios abaixo da média de outros anos.

Além disso, as autoridades de saúde estão confiantes que a maior preocupação com a lavagem das mãos e com a utilização de máscara, devido à pandemia de covid-19, poderá ajudar a diminuir o contágio de gripe sazonal.

“Estas medidas vão ajudar a prevenir outras doenças respiratórias, daí esperarmos menos casos de gripe sazonal este ano”, explicou à Reuters Daniel Ferrante, subsecretário do Ministério da Saúde de Buenos Aires.

No entanto, a chegada do Inverno, numa altura crítica na região devido ao elevado número de casos de SARS-CoV-2, que não dão sinais de abrandar, geram preocupações. Os sintomas da covid-19 e da gripe sazonal são muito parecidos o que pode causar complicações adicionais.

“É claro que a gripe e as doenças virais apenas vão tornar a situação mais complexa”, alertou o médico argentino Federico Flores Martinez, ouvido pela Reuters.

Mais de 100 mil mortes

Esta semana, a América Latina e as Caraíbas ultrapassaram as 100 mil mortes causadas pela covid-19 e os dois milhões de infectados. O Brasil e o México, os dois países mais populosos da região, são os mais afectados.

Segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, o Brasil regista, actualmente, mais de 1,2 milhões de infectados e 54.971 mortos, enquanto no México são já mais de 202 mil infectados e 25 mil mortos.

Em apenas um mês, o número de infecções na América Latina triplicou e a região, onde vive apenas 8% da população mundial, nas últimas duas semanas, registou cerca de metade das mortes em todo o mundo devido ao novo coronavírus, segundo o The Washington Post.

Além do Brasil e do México, os países mais atingidos pela pandemia são o Peru e o Chile.

No Chile, a covid-19 deixou o sistema de saúde à beira do colapso e as unidades de cuidados intensivos estão com uma ocupação de 95%, apesar de os internamentos por gripe ou pneumonia estarem abaixo da média de outros anos. Um aumento de casos de gripe sazonal, em plena pandemia, seria, por isso, catastrófico. Actualmente, o país tem mais de 259 mil infectados e 4903 mortos.

Já o Peru, um dos primeiros países a entrar em confinamento, continua com dificuldades em controlar a pandemia: regista quase mais e 268 mil infectados e 8761 mortos.

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