Abanca reforça investimento no Douro com compra da Quinta da Boavista

A aquisição está inserida na “estratégia de consolidação” no mercado de vinhos tranquilos da Sogevinus, com várias quintas e marcas de vinho do Porto e de mesa.

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PAULO PIMENTA

O grupo Abanca, que recentemente desistiu de comprar a participação da empresária Isabel do Santos no banco Eurobic, acaba de reforçar o investimento no sector dos vinhos nacionais, com a aquisição da histórica Quinta da Boavista, uma propriedade de 80 hectares que fez parte da primeira delimitação da região do Douro levada a cabo pelo Marquês de Pombal em 1756, e que pertenceu a Antónia Adelaide Ferreira, a famosa “Ferreirinha” que marcou a história do vinho do Porto.

A aquisição, realizada num momento de grande incerteza económica, gerada pelo surto epidemiológico de covid-19, é feita através da Sogevinus, um dos maiores grupos no sector dos vinhos nacionais, dono das quintas de S. Luiz, Arnozelo e do Bairro, e de marcas como a Cálem, Kopke, Barros e Burmester.

Esta empresa pertencia à Caixa Galicia, entidade financeira que, juntamente com outras caixas espanholas, acabou por ser adquirida pelo empresário Juan Carlos Escotet Rodríguez, que tem a dupla nacionalidade espanhola e venezuelana.

O valor da compra não foi revelado pela Sogevinus, que esta sexta-feira anunciou oficialmente o negócio e refere que a aquisição vem reforçar a sua posição “no mercado dos vinhos tranquilos, dando seguimento à estratégia de consolidação nesta categoria, e trazendo para o seu portefólio duas novas marcas - Boa-Vista e Quinta da Boavista - detentoras de vinhos de elevada qualidade e internacionalmente reconhecidos, que complementam a sua presença no segmento premium”.

Localizada na margem direita do rio Douro, em plena região do Cima-Corgo, a quinta pertencia, desde 2013, à empresa Lima Smith, do brasileiro Marcelo Lima e do inglês Tony Smith. Antes da aquisição pela dupla de empresários, donos da quinta da Covela, em Baião, a histórica propriedade pertenceu à Sogrape, o maior grupo vinícola nacional, e era aí que eram produzidas as uvas para a sua marca de vinho do Porto Offley.

Sete anos depois da última venda, a quinta que historicamente também está ligada ao empresário inglês Joseph James Forrester - mais conhecido por barão de Forrester, distinção dada pelo regente D. Fernando II, em 1855, pelos serviços que prestou ao vinho do Porto, nomeadamente na cartografia da região -, com belas paisagens sobre o rio Douro, passa agora a integrar o grupo Abanca, que “promete” continuar a criar grandes vinhos.

“A Quinta da Boavista tem sido muito bem sucedida nos últimos anos no desenvolvimento de vinhos reconhecidos internacionalmente e a nossa expectativa é continuar a produzir grandes vinhos aqui”, sublinha Sergio Marly, CEO do Grupo, citado no comunicado divulgado.

Segundo a mesma fonte, “dos 80 hectares da propriedade, 36 são área de vinha, onde se destacam as castas Donzelinho, Tinto Cão e Touriga Nacional”, possuindo ainda “uma vasta área dedicada a vinhas velhas, responsáveis pela produção de vários vinhos premiados, como a Quinta da Boavista Vinha do Oratório e Quinta da Boavista Vinha do Ujo distinguidos com 94 e 95 pontos Robert Parker, respectivamente”.

Integrada no grupo financeiro que comprou a operação bancária do Deutsche Bank em Portugal, possuindo uma rede de cerca de 70 agências, a Sogevinus tem actividade na produção e comercialização de vinhos do Porto e vinhos Douro DOC, apresentando-se como “líder da categoria de vinho do Porto em Portugal”.

De acordo com a informação revelada, esta empresa está presente em 60 países e produz uma média anual superior a 8,8 milhões de garrafas (7,8 milhões de Porto e um milhão DOC Douro), detendo ainda “um total de 360 hectares de vinhas na Região Demarcada do Douro”.  

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