Antologia de poesia grega, traduzida por Frederico Lourenço, é publicada na sexta-feira

Esta obra, como esclarece o tradutor no prefácio, é uma “reedição” do livro saído em 2006, pelas Edições Cotovia, mas em versão bilingue grego/português, e com maior número de poemas escolhidos. Agora sai na Quetzal.

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lm miguel manso

 A antologia Poesia Grega. De Hesíodo a Teócrito, com tradução, notas e comentários do investigador Frederico Lourenço, Prémio Pessoa em 2016, é publicada na sexta-feira, anunciou a editora Quetzal.

Esta obra, como esclarece Frederico Loureço no prefácio, é uma “reedição” do livro saído em 2006, pelas Edições Cotovia, mas em versão bilingue grego/português, e com maior número de poemas escolhidos.

Lourenço incluiu, “à guisa de prelúdio”, passagens de Hesíodo, poeta que se presume contemporâneo de Homero. De Teócrito, autor nascido em Siracusa, um dos mais célebres do período helenístico, a nova edição tem mais um “idílio” relativamente à de 2006. Foram ainda inseridos “fragmentos” de Calímaco, bibliotecário de Alexandria, poeta que morreu aos 70 anos, no Egipto, onde viveu as suas duas últimas décadas.

Frederico Lourenço afirma que estes “fragmentos” são “de primeira importância”, e sublinha a sua influência na poesia produzida, mais tarde, em Roma.

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Lourenço afirma ter acolhido, “com a maior alegria”, a inclusão dos textos na sua língua original, o grego, na nova edição, pois entende “a invisibilidade”, como uma “das causas do desaparecimento das línguas clássicas do consciente colectivo português”.

Nesta edição da Quetzal são sete os poetas seleccionados, abrangendo um período que vai de 650 anos antes de Cristo (a.C.) a 250 a.C..

Aqui se encontram Hesíodo, que viveu entre 650 e 750 antes de Cristo, Álcman, que viveu em Esparta no século VII a.C., Semónides (século VI a.C.), Minnermo (nascido em 670 a.C.), e Safo, poetisa da ilha de Lesbos que terá nascido entre 630 e 604 a.C..

A estes se juntam Íbico, poeta nascido em Reggio, Itália, na primeira metade do século VI a.C., e que morreu em Corinto, na Grécia. Anacreonte, que viveu entre 563 e 478 a.C., Teógnis (século VI a.C.), Píndaro (522-443 a.C.), Calímaco (310-240 a.C.) e Teócrito (310- 350 a.C.).

Sobre a obra, Frederico Lourenço afirma que visa “apresentar uma amostra representativa de diferentes géneros poéticos cultivados na Grécia Antiga, incidindo na poesia lírica”, mas também na bucólica, na elegíaca e noutras, como a epinícia, poesia ocasional que celebrava, por exemplo, uma vitória nas Olimpíadas. Um dos seus cultores foi Píndaro.

Frederico Lourenço é professor na Universidade de Coimbra e, em 2016, também com a Quetzal, iniciou a publicação em português dos seis volumes da Septuaginta, a bíblia grega. O projecto de tradução foi destacado pelo júri do Prémio Pessoa, que lhe foi atribuído nesse ano.

Tinha já traduzido do grego clássico, para português, a Ilíada e a Odisseia, de Homero, que também adaptou ao público juvenil, e as tragédias de Sófocles e Eurípides.

O seu percurso como tradutor inclui as edições em português de peças dos escritores alemães Goethe e Schiller, e do austríaco Arthur Schnitzler.

Como autor de ensaios e poesia, publicou O Livro Aberto: Leituras da Bíblia, Grécia Revisitada e Novos Ensaios Helénicos e Alemães, que lhe valeu o Prémio P.E.N. Clube/Ensaio, em 2008. Na poesia escreveu Santo Asinha e Outros Poemas e Clara Suspeita de Luz.

Na área da ficção, assinou Pode Um Desejo Imenso, distinguido com o Prémio P.E.N. Clube de primeira obra, que teria continuidade em O Curso das Estrelas e À Beira do Mundo.

É igualmente autor de A Formosa Pintura do Mundo, Amar não Acaba, A Máquina do Arcanjo, Valsas nobres e sentimentais, O Lugar Supraceleste, Estética da Dança Clássica. Inspirado nos Caracteres de Teofrasto, criou também os seus, tendo por referência a actualidade.

No ano passado publicou Nova Gramática do LatimA sua obra encontra-se editada nos Livros Cotovia e na Quetzal, em particular, com a poesia sob o “selo” da Caminho.

Frederico Lourenço, 57 anos, tem recebido várias distinções, entre as quais o Grande Prémio de Tradução, em 2003. Nesse mesmo ano recebeu o Prémio D. Diniz da Casa Mateus e, em 2006, o Prémio Europa/David Mourão-Ferreira, do centro Studi Lusofoni, da Universidade de Bari “Aldo Moro”, em Itália.

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