Apesar da covid-19, Putin assinalou Dia da Vitória com discurso para milhares de russos
Desfile militar tinha sido adiado devido à pandemia, mas realizou-se esta quarta-feira, com presença de milhares de pessoas. Putin discursou na véspera de os russos começarem a votar alteração à Constituição.
Em plena pandemia de covid-19, milhares de russos ignoraram os avisos para ficarem em casa e saíram para as ruas de Moscovo para assistirem à parada militar que marca os 75 anos do fim da II Guerra Mundial.
O desfile na Praça Vermelha, para assinalar o Dia da Vitória, realiza-se, anualmente, a 9 de Maio, mas este ano, devido às restrições em vigor devido ao coronavírus, foi adiado para esta quarta-feira.
Enquanto, perante o olhar atento de Vladimir Putin, os aviões sobrevoavam a Praça Vermelha, os soldados marchavam e era exibida a força militar russa, as autoridades sanitárias anunciavam que a Rússia tinha ultrapassado os 600 mil casos de covid-19, depois de nas últimas 24 horas o país ter registo mais de sete mil novas infecções, 811 delas em Moscovo.
No entanto, a poucos dias de um referendo que propõe alterações à Constituição russa, que permitirão que Putin se mantenha no poder até 2036, o Presidente não deixou de exaltar o patriotismo russo, recordando o papel da União Soviética na rendição da Alemanha nazi.
“Devemos lembrar-nos que o povo soviético assumiu o maior fardo na luta contra o nazismo”, afirmou Vladimir Putin, num discurso em que não fez qualquer referência à covid-19, nota o The Guardian. “Essa é a verdade principal, pura e clara sobre a guerra. Devemos protegê-la e passá-la para os nossos filhos, netos e bisnetos”, acrescentou.
Vladmir Putin, que já vai no seu quarto mandato presidencial, tendo ocupado o cargo de primeiro-ministro entre o segundo e o terceiro, numa troca de cadeiras com Dmitri Medvedev, atinge o limite de mandatos em 2024. Com a alteração à Constituição que vai a referendo, o Chefe de Estado poderá ficar no poder até 2036, quando completa 83 anos de idade.
Depois de uma proposta da câmara baixa do ´Parlamento russo (Duma), o referendo foi marcado para 22 de Abril, mas, com o país a enfrentar a pandemia do novo coronavírus, acabaria por ser adiado para 1 de Julho. Para evitar grandes ajuntamentos nas urnas, as mesas de voto abrem na quinta-feira, uma semana antes da data oficial, sendo ainda possível votar pela Internet.
Devido à covid-19, mais de 20 cidades da Rússia cancelaram as celebrações do Dia da Vitória, principalmente por receio do contágio de veteranos da II Guerra Mundial, uma população de risco, devido à idade avançada.
Quanto à parada militar na Praça Vermelha, as autoridades russas garantem que todos os participantes realizaram testes de despistagem à doença e mais de 80 veteranos, alguns dos quais apareceram ao lado de Putin, estiveram em quarentena durante duas semanas.
Voluntários entregaram máscaras e luvas aos que assistiram ao desfile e as cadeiras foram colocadas com distância de segurança. Putin não usou máscara durante a cerimónia.
Antes da pandemia, o Presidente russo contava com a presença dos homólogos da China e da França, Xi Jinping e Emmanuel Macron, o que acabaria por não acontecer.
No desfile, segundo a Reuters, compareceram sobretudo Chefes de Estado de antigos países da União Soviética, incluindo os presidentes da Bielorrússia, Cazaquistão, Tajiquistão, Moldávia, Uzbequistão, Sérvia e Bósnia-Herzegovina. O Presidente do Quirguistão, Sooronbai Jeenbekov, viajou até Moscovo para a cerimónia, contudo, acabaria por não marcar presença na cerimónia, depois de dois membros da sua delegação terem sido diagnosticados com covid-19.