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Uma exposição sobre “paisagens transgénicas”, uma marca registada de Álvaro Domingues

Cedida pelo Centro de Estudos Ibéricos, a exposição Paisagens Transgénicas, do geógrafo e professor Álvaro Domingues, está em exibição na Casa da Cultura de Melgaço, até ao dia 30 de Junho. 

Álvaro Domingues
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O termo surgiu “há uns 15 anos” durante uma aula, conta Álvaro Domingues. Proferiu-o, ficou pensativo e foi logo ligar a um amigo biólogo para lhe falar sobre o assunto. “Paisagens transgénicas”, murmurou ao telefone. E assim nascia o termo, com marca registada do geógrafo e professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, natural de Melgaço.

“Transgénico”, ao contrário de “híbrido”, não “cruza duas espécies”, explica ao telefone com o P3, mas “transpõe o código genético de uma espécie para a outra”. “Na paisagem, tudo é transgénico” –  é este o mote para a exposição de fotografia de Álvaro Domingues, que pode ser visitada até 30 de Junho, na Casa da Cultura, em Melgaço. 

Tudo começou com um desafio lançado pelo professor Rui Jacinto, que promoveu uma primeira mostra no Centro de Estudos Ibéricos, na Guarda, no âmbito do projecto Transversalidades. Ao vê-lo, a Casa da Cultura interveio, perguntando: “Vai fazer exposições fora de Melgaço e não faz na sua terra?”, conta Álvaro. Estava dado o primeiro passo. Em exibição, estão 28 fotografias a desafiar o termo “paisagem” que, segundo o geógrafo, não passa de “uma construção social”, sublinhando que “tudo em Portugal é transgénico” e que “tudo se mistura com tudo”.

Álvaro destaca duas fotografias em particular: uma em que podemos observar ovelhas junto a um grande painel fotovoltaico  e “não há nada de errado nesta imagem”, realça, pois a energia fotovoltaica usa o mesmo que o pasto: o solo e o sol. O professor acrescenta ainda que “a ovelha cumpre uma função”: quando come o pasto, faz a manutenção dos painéis. A segunda fotografia a que o professor dá foco retrata a procissão de São Bento do Cando, na freguesia da Gavieira, em Arcos de Valdevez, que “tradicionalmente juntava gente que andava dispersa nos montes” – agora, “a festa acontece num local que já não tem vida, não tem gente”. “A imagem é desconcertante, a procissão vai pelo meio de camionetas e táxis, não tem a solenidade do sagrado”, acrescenta.

O geógrafo confessa ao P3 que gostava que esta fosse uma “never-ending exhibition” sobre um conceito que já há muitos anos partilha com os alunos: “Provoca-lhes um efeito de surpresa, de distanciamento e o seu olhar muda”, relata o professor. “É como se eles encontrassem ali uma fresta. As paisagens modificadas não são paisagens estragadas”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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