Pelo menos 15 pessoas torturadas e queimadas vivas numa comunidade indígena no México

As autoridades locais informaram que duas mulheres e 13 homens foram “torturados e queimados vivos” por defenderem o direito a manifestarem-se, após denunciarem uma suposta detenção ilegal ocorrida dias antes. Ninguém foi, para já, detido.

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Rua de San Mateo del Mar onde 15 pessoas foram assassinadas Reuters/JOSE DE JESUS CORTES
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Técnicos forenses transportaram os corpos das vítimas até uma funerária da cidade Reuters/JOSE DE JESUS CORTES
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Guarda Nacional foi chamada à cidade para reforçar as ruas Reuters/JOSE DE JESUS CORTES

Pelo menos 15 pessoas foram assassinadas na comunidade indígena Ikoots San Mateo del Mar, no estado mexicano de Oaxaca, no Sul do país, informaram na segunda-feira as autoridades locais.

“Uma tragédia sem precedentes aconteceu ontem [domingo] à noite”, afirmou o município de San Mateo del Mar num comunicado em que deu conta do homicídio de 15 pessoas na cidade de Huazantlán del Río, torturadas e queimadas vivas. A agência Reuters descreve o ataque como um dos “mais violentos” a abalar o país nos anos recentes.

As autoridades locais informaram que duas mulheres e 13 homens foram “torturados e queimados vivos” por defenderem o direito a manifestarem-se, após denunciarem uma suposta detenção ilegal ocorrida dias antes. As duas mulheres que foram mortas protestavam contra os abusos cometidos por um dos supostos agressores, que se descreveu como representante da cidade de Huazantlán del Rio, informou o governo municipal.

O ataque teve lugar depois de semanas de bloqueios de estradas organizados por pessoas que reivindicam representar as autoridades da cidade e que “desejavam causar problemas”, disse o governo municipal, sem dar mais detalhes.

A autarquia de San Mateo del Mar disse em comunicado que o ataque foi orquestrado por pelo menos seis pessoas armadas, com o apoio de um grupo criminoso que quer controlar o município para beneficiar da sua localização estratégica nas redes de tráfico de pessoas sem documentos e armazenamento de combustível roubado.

As autoridades disseram que os agentes da Guarda Nacional foram capazes de “dispersar parcialmente” os ataques, evitando uma tragédia de maiores proporções, ainda que tenham apenas conseguido resgatar duas pessoas vivas.

O Procurador-Geral do Estado de Oaxaca informou em comunicado que abriu uma investigação sobre os “actos violentos” ocorridos em 21 e 22 de Junho.

As autoridades estaduais confirmaram as 15 mortes e observaram que os corpos “apresentam contusões e queimaduras parciais”, faltando ainda efectuar as autópsias para determinar as causas dos óbitos. Fotos de algumas das vítimas foram publicadas nas redes sociais. Numa delas, um dos homens parecia ter sido espancado com tijolos. Uma autoridade do estado disse que as fotos eram verdadeiras.

Até ao momento, apenas quatro das 15 vítimas foram identificadas, enquanto um ferido foi transportado para um hospital na cidade de Salina Cruz, Oaxaca. A Reuters avança que ninguém foi, para já, detido.

O Ministério Público informou que mais de 100 elementos das autoridades federais, estaduais e municipais, bem como agentes de diferentes empresas de segurança, foram destacados para a investigação.

San Mateo del Mar, cidade costeira que fica no sudoeste do México, é há vários anos palco de disputas territoriais e conflitos por direitos de passagem, de acordo com a autoridade do estado.

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