Benfica e FC Porto com liderança em jogo e avançados em xeque

Benfica, às 19h15, e FC Porto, duas horas depois, terão de ultrapassar a fraca eficácia dos avançados para segurarem a liderança da I Liga - uma honra que, para já, partilham entre si.

Benfica e Santa Clara num dos últimos jogos que fizeram na Luz
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Benfica e Santa Clara num dos últimos jogos que fizeram na Luz LUSA/JOSE SENA GOULAO
Porto e Boavista num derby portuense
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Porto e Boavista num derby portuense LUSA/JOSÉ COELHO

27 jogos, 20 vitórias, quatro empates e três derrotas. Com exactamente o mesmo registo de resultados – e uma diferença de golos também semelhante –, Benfica e FC Porto dividem a liderança da I Liga, com 64 pontos, ainda que os “dragões” tenham, para efeitos práticos, vantagem sobre os “encarnados”, pelo confronto directo no final da temporada. Uma liderança que estará em jogo nesta terça-feira, na jornada 28 da I Liga.

O Benfica recebe o Santa Clara (19h15) e o FC Porto recebe o Boavista (21h15), em dois jogos contra adversários tranquilos na tabela, mas cujo desfecho é difícil de prever. Por um lado, Benfica e FC Porto são os líderes e claros favoritos nas partidas. Por outro, as duas equipas já vacilaram no pós-confinamento. E têm ambas problemas actuais no ataque.

O Benfica conta com Carlos Vinícius há seis jogos sem marcar – e, também por isso, com titularidade perdida no último jogo. Tem ainda Dyego Sousa, jogador que, frente ao Rio Ave, foi substituído… ao intervalo. Há também Seferovic, que ajudou o Benfica a vencer em Vila do Conde, mas que estava há 11 jogos sem marcar um golo – e será, dos três avançados, o que menos capacidade goleadora oferece, ainda que dê outras valências, sobretudo no movimento, agressividade e profundidade que dá à equipa.

Bruno Lage, treinador do Benfica, reconheceu-o na antevisão do jogo. “Dyego Sousa não teve um jogo mau, fez exactamente aquilo que lhe pedi. Estrategicamente, queríamos um jogador assim [frente ao Rio Ave]. Seferovic e Vinícius jogam muito no ataque na profundidade, enquanto o Dyego joga muito bem entre linhas, mas precisa de outro colega na profundidade”, explicou, deixando pistas de que, contra o Santa Clara possa precisar de um jogador diferente do luso-brasileiro.

No FC Porto, o cenário não é melhor. O melhor marcador da equipa na I Liga é… um defesa (Alex Telles, com oito golos). Algo que não diz tudo sobre a capacidade ofensiva da equipa, mas que é um indicador de que algo de errado se passa no ataque portista.

Zé Luís não marca há sete jogos – e não será opção para este jogo, devido a lesão –, Marega não celebra há cinco jogos e Soares já vai nos dez. Com Aboubakar ainda a meio gás, e sem golos na Liga, e o jovem Fábio Silva ainda com utilização intermitente, Sérgio Conceição não tem um ataque fulgurante, tendo assumido que a equipa tem de produzir mais, para compensar a falta de eficácia.

“Temos de ter mais penáltis para fazer golos, temos de criar mais lances na área, temos de criar 15/20 oportunidades para marcar golos. Temos de fazer mais disso para ganhar (...) nos últimos três jogos, fizemos cerca de 70 remates e a verdade é que não conseguimos materializar a dinâmica. Cabe-nos a nós criar ainda mais oportunidades”, apontou.

Santa Clara e Boavista tranquilos na tabela

A primeira equipa a entrar em campo será o Benfica. Numa Luz despida de público, aos “encarnados” faltará o que chegou a parecer faltar no empate frente ao Tondela – pressão dos adeptos perante vários minutos de posse de bola em zona defensiva, sem progressão.

E o treinador do Santa Clara, João Henriques, assumiu que este detalhe pode ter peso. “Principalmente para os grandes, a ausência de público é muito significativa. O impacto que tem nos jogos e pela forma como galvaniza a própria equipa, a forma como cria pressão no adversário e cria pressão na equipa de arbitragem – é um facto, são seres humanos como nós”, salientou.

Mas a equipa do Benfica tem, agora, mesmo sem adeptos, motivos mais do que suficientes para querer estar mais ligada ao jogo e, sobretudo, mais enérgica. Ganhando, coloca pressão num FC Porto errático. Perdendo, pode voltar a colocar-se numa posição que não quererá: a de estar a parcos minutos de ver o título por um canudo – como chegou a estar em Vila do Conde.

Para este jogo, o Benfica volta a ter um desafio bem árduo na tentativa de esconder as próprias fragilidades. Sendo já um clássico sofrer golos de bola parada, os “encarnados”, depois de já terem sofrido assim com o Portimonense, sofreram também com o Rio Ave – a equipa que menos golos marca de bola parada na I Liga.

Por maioria de razão, tratando-se de uma equipa tremendamente frágil nestes lances e sendo o Santa Clara uma das formações mais fortes neste capítulo, ao contrário do Rio Ave, não é difícil prever problemas para Vlachodimos em lances deste tipo.

No caso do FC Porto as dificuldades serão outras. Entrará em campo num de dois estados anímicos: ou com a pressão de não falhar, porque o Benfica venceu, ou com o ânimo de deixar o rival para trás.

Num ou noutro caso, terá pela frente um Boavista que é das equipas que menos golos sofrem fora de casa – é a melhor defesa fora, a par do Benfica – e que é a quinta com mais pontos somados longe do próprio estádio.

No Dragão, a equipa de Daniel Ramos vai, segundo o técnico, continuar agressiva e bem organizada, como tem sido habitual. “Temos as nossas armas e espero que a equipa corresponda mais uma vez. Um dos objectivos é sermos sólidos, bem organizados e apresentar bons níveis de agressividade”, apontou.

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