Bombeiros esperam noite difícil com incêndios no Algarve devido ao vento

Operacionais estão preocupados com as reactivações. GNR identificou o autor e diz que não foi intencional. Foi o próprio que alertou as autoridades. O homem encontrava-se a efectuar trabalhos de gestão de combustível, com recurso a uma motorroçadora, que sobreaqueceu.

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LUSA/LUÍS FORRA

As equipas que combatem o incêndio que deflagrou na sexta-feira em Aljezur esperam uma “noite difícil”, com reactivações, devido ao forte vento que se faz sentir, à semelhança do que aconteceu durante o dia, disse a Protecção Civil.

Na conferência de imprensa para fazer o ponto de situação do combate ao incêndio, que alastrou aos concelhos de Lagos e Vila do Bispo, o Comandante Distrital de Operações de Socorro de Faro, Vítor Vaz Pinto, disse que o vento norte de noroeste causou várias reactivações durante o dia, mas as equipas conseguiram responder e manter o fogo controlado.

“O vento não deu tréguas e houve um conjunto de reactivações, que foram debeladas com maior ou menor dificuldade”, afirmou Vaz Pinto, destacando o “profissionalismo” e o trabalho de “excelência de todos os profissionais envolvidos no combate”.

O Comandante Distrital de Faro adiantou que o dispositivo vai manter-se no terreno e contava, às 20h10, com 476 operacionais, 155 veículos e oito máquinas de rasto, que vão tentar durante a noite consolidar a rescaldo da zona afectada, depois de, durante o dia, o combate ter contado com o apoio de 11 meios aéreos.

“Felizmente, e dada a complexidade do incêndio, não há danos pessoais, nem em combatentes nem na população”, garantiu Vaz Pinto, frisando que a prioridade é a salvaguarda das pessoas, dos bens e do património ambiental.

A mesma fonte disse ainda que 35 pessoas tiveram de ser deslocadas devido ao fogo e que a Junta de Freguesia de Vila do Bispo estava a preparar uma solução para a eventualidade de precisarem de acolhimento, o que não foi necessário porque todos encontraram solução pelos próprios meios.

“Vamos ter uma noite difícil, como o dia de amanhã e os próximos dias também”, antecipou Vaz Pinto, sublinhando que não é possível prever quando o incêndio pode ser dado como extinto.

Vaz Pinto disse ainda que o ataque inicial ao incêndio, na sexta-feira, em Vilarinha, Aljezur, foi feito de forma “musculada e ampliada”, porque a área em questão estava identificada como área de risco, mas as condições de vento têm dificultado o trabalho e provocado os reacendimentos, que também são esperados durante a noite.

O comandante Richard Marques, que esteve à frente da operação durante a tarde, explicou que a área afectada tem “25 quilómetros de perímetro e 10 de extensão da cauda à cabeça”, mas garantiu que os meios têm estado posicionados nas zonas de maior risco para atacar eventuais reacendimentos.

No entanto, reconheceu que o processo de consolidação do rescaldo pode ainda demorar uns dias a ser feita.

Identificado o autor

A GNR identificou um homem, de 44 anos, pela ignição do incêndio rural que deflagrou na sexta-feira em Vilarinha, no concelho de Aljezur, anunciou este sábado a corporação, adiantando que foi o próprio que alertou as autoridades.

“O homem encontrava-se a efectuar trabalhos de gestão de combustível, com recurso a uma motorroçadora, quando o equipamento entrou em sobreaquecimento após três horas de utilização, provocando a emissão de fagulhas provenientes do escape, dando-se início ao incêndio”, refere a GNR em comunicado.

Nessas circunstâncias, adianta, “o homem, que trabalhava sozinho, deu o alerta às autoridades e ainda tentou extinguir o incêndio com recurso a uma mangueira, no entanto, atendendo ao acentuado declive do terreno e às condições climatéricas, não o conseguiu extinguir, levando a que o mesmo se propagasse”.

Os factos serão remetidos ao Tribunal Judicial de Lagos, informa a GNR, adiantando que o homem foi identificado na sexta-feira pelo Comando Territorial de Faro, através do Núcleo de Protecção Ambiental (NPA) de Portimão, “pela ignição de um incêndio rural que se iniciou em Vilarinha, no concelho de Aljezur”.

O incêndio que deflagrou na sexta-feira em Aljezur, no Algarve, foi dado como dominado às 9h10 deste sábado, de acordo com o segundo comandante, Abel Gomes, do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro.

O incêndio obrigou à retirada de pessoas de um loteamento no concelho vizinho de Vila do Bispo, por precaução, não havendo registo de casas ardidas.

Segundo dados disponibilizados na página na internet da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, às 10h30 estavam no combate ao incêndio 461 operacionais, apoiados por 145 meios terrestres e seis meios aéreos.

Segundo a GNR, a grande maioria dos incêndios registados no último ano teve origem na realização de trabalhos de gestão de combustível, queimadas e queimas de sobrantes de exploração.

Nesse sentido, a GNR apela para que se evitem comportamentos de risco nos espaços florestais e agrícolas e, em caso de incêndio, para ligar de imediato para o 112, transmitindo de forma sucinta e precisa a localização, a dimensão estimada e a forma de acesso mais rápida ao local.

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