Um tetracampeonato com dedo português na Ucrânia

Luís Castro reforçou a hegemonia do Shakthar Donetsk ao conduzi-lo ao 13.º título da sua história, o quarto consecutivo. Os três anteriores tinha sido alcançados sob a liderança de Paulo Fonseca.

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Luís Castro alcançou, aos 58 anos, o primeiro grande título da carreira de treinador DR

Há ainda cinco jornadas por disputar no campeonato ucraniano, mas já nem os cálculos matemáticos servem para alimentar a esperança do Dínamo Kiev. À imagem do que sucedeu nas três épocas anteriores, o Shakhtar Donetsk sagrou-se campeão nacional e novamente sob as ordens de um treinador português. Aos 58 anos, Luís Castro alcança o primeiro grande título da carreira.

Aquela que foi outrora a hegemonia do Dínamo no futebol da Ucrânia independente (entre 1992 e 2001 ganhou nove campeonatos consecutivos) passou, no início do século, para a cidade de Donetsk. E ainda que a guerra dos últimos anos tenha forçado o Shakhtar a jogar a centenas de quilómetros da Donbass Arena, a superioridade da equipa que já morde os calcanhares ao rival no palmarés da Liga (tem agora 13 títulos, menos dois do que o Dínamo) tem sido evidente. 

Depois do impulso dado ao Shakhtar pelo carismático Mircea Lucescu (técnico romeno que conquistou oito títulos pelo clube, seis Taças da Ucrânia, sete Supertaças e uma Taça UEFA), a aposta recaiu na escola de treinadores portuguesa. E, neste particular, Luís Castro parece seguir as pisadas de Paulo Fonseca, que em 2016 chegou, viu e venceu, interrompendo o bicampeonato do Dínamo Kiev.

Essa equipa de Paulo Fonseca, que arrecadaria três títulos consecutivos (fazendo, pelo meio, um brilharete na Liga dos Campeões, nomeadamente numa eliminatória com o Manchester City), foi confiada a Luís Castro na esperança de que fosse dado seguimento a um período de grande sucesso desportivo. E o ex-técnico do V. Guimarães está a cumprir a missão. 

Depois de uma primeira fase da Liga autoritária, com o Shakhtar a terminar com 14 pontos de vantagem sobre o rival de Kiev, a equipa sediada em Donetsk voltou da paragem forçada com a chama vencedora intacta. Isto, apesar dos receios expressos por Luís Castro, numa entrevista ao jornal A Bola. “Fizemos uma pré-época de cinco semanas e meia; uma segunda, de Inverno, de quatro semanas e esta de duas semanas e meia. Esta teve uma paragem longa e nós não treinámos. Deixa-me um pouco na expectativa de como estará a equipa quando encontrar o Dínamo Kiev no campeonato”.

Tem estado bem. Ou pelo menos suficientemente bem para ir ganhando e para ter já, com 15 pontos ainda em disputa, assegurado o 13.º campeonato do palmarés. O rastilho para o título, depois de três triunfos consecutivos neste período pós--confinamento, foi um embate com o Oleksandriya, que começou com um golo de Taison, de grande penalidade (13’), mas que se complicou no arranque da segunda parte, com dois golos dos visitantes.

O adiamento da festa começava a ser uma possibilidade real, mas a armada brasileira (no plantel, são 11 os jogadores nascidos no Brasil) ainda tinha trunfos para jogar. Nomeadamente Tetê, extremo/avançado de 20 anos que o Shakhtar foi buscar ao Grémio, em 2018, e que foi lançado em campo aos 57’. Três minutos depois, empatou o jogo, para assinar o golo do triunfo aos 78’. 

O 3-2 final traduziu a 23.ª vitória em 27 jogos no campeonato. Uma prova de força de uma equipa que celebrou no Estádio Olímpico de Kiev (uma das casas emprestadas das últimas épocas) e que voltará à capital no dia 4 de Julho para um embate em que o rival terá pouco mais do que o orgulho em jogo.

Para já, e pelo menos enquanto o Dínamo não jogar nesta ronda, são 19 os pontos de vantagem sobre o segundo classificado. Uma diferença bem superior àquelas que Paulo Fonseca alcançou nos três títulos que antecederam este (13 pontos em 2016-17, dois em 2017-18 e 11 em 2018-19). E mais um desafio para uma equipa que, nesta época, ainda sonha com a final da Liga Europa.
 

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