Amy Klobuchar quer mulher negra como candidata a vice-presidente dos EUA

Senadora do Massachussetts era uma das favoritas a integrar a candidatura de Joe Biden pelo Partido Democrata, mas a vaga de protestos anti-racismo levou-a a afastar-se da corrida.

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Klobuchar foi procuradora em Mineápolis, onde George Floyd foi morto pelo polícia branco Derek Chauvin Reuters/POOL

A escolha de uma mulher negra para concorrer a vice-presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, ao lado de Joe Biden, ganhou ainda mais força nas últimas horas. Na noite de quinta-feira, a senadora Amy Klobuchar, do Minnesota, anunciou o afastamento da corrida e aconselhou Biden a escolher uma mulher negra, deixando em posição difícil uma outra favorita, a senadora progressista Elizabeth Warren.

“Depois do que vi no meu estado e em todo o país, acredito que a América deve aproveitar este momento histórico”, disse Klobuchar numa entrevista à MSNBC, referindo-se à vaga de protestos anti-racismo motivada pelo homicídio do cidadão negro George Floyd pelo polícia branco Derek Chauvin, no dia 25 de Maio.

“Tal como já disse ao [antigo] vice-presidente [Joe Biden], acredito que este momento deve ser aproveitado para se escolher uma mulher negra como candidata”, disse a senadora do Minnesota.

Em Março, no último debate nas eleições primárias do Partido Democrata, Biden comprometeu-se a escolher uma mulher como parceira de candidatura. A vaga de protestos anti-racismo, no último mês, veio reforçar as candidaturas das mulheres negras que estavam a ser avaliadas pela campanha de Biden.

Ao anunciar o seu afastamento da corrida, Klobuchar dificulta também a candidatura da senadora do Massachusetts​, a progressista Elizabeth Warren – a  outra mulher branca com hipóteses de ser escolhidas por Joe Biden.

Warren, que se mantém no grupo das candidatas que estão a ser entrevistadas pela campanha de Biden, tem agora a difícil tarefa de explicar aos eleitores do Partido Democrata o que a leva a insistir numa nomeação quando a outra forte candidata branca aconselhou a escolha de uma candidata negra.

Com o homicídio de George Floyd, o passado de Amy Klobuchar como procuradora na cidade de Mineápolis foi escrutinado, e o seu registo de acusações contra cidadãos negros passou a ser um ponto negativo para a sua escolha como candidata a vice-presidente.

Ainda que os defensores de Klobuchar, incluindo na comunidade negra, considerem que as acusações contra ela são injustas, seria difícil para a candidatura do Partido Democrata passar a campanha eleitoral a justificar essa questão.

O afastamento de Klobuchar reforça a candidatura da senadora Kamala Harris, da Califórnia, apesar de também ela ter um passado vulnerável como procuradora no seu estado. 

Para além de Harris, estão também na corrida a congressista Val Demings, da Florida, e a mayor de Atlanta, Keisha Lance Bottoms. Outros nomes, como Stacey Abrams (candidata do Partido Democrata a governadora da Georgia em 2018) e Susan Rice (ex-conselheira de Segurança Nacional, na Administração Obama), são escolhas menos prováveis.

A escolha da candidata à vice-presidência dos Estados Unidos às eleições deste ano é a mais importantes das últimas décadas. Se for eleita, poderá ter de participar mais activamente na liderança do país, ou até mesmo de substituir Joe Biden, que terá 78 anos à data da tomada de posse; se não for eleita, poderá ser ela a principal figura do Partido Democrata nas presidenciais de 2024.

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