Desemprego feminino e jovem não interessa, vamos lá discutir estátuas

Parecem-me factos mais graves e urgentes que uns gatafunhos desenhados em estátuas. Se as mulheres e os mais novos são desproporcionalmente afetados pela presente crise, é de elementar justiça que as políticas públicas se concentrem em compensar estes efeitos junto destes grupos. Mas já viu em algum lado esta discussão? Eu não vi.

Perdoem-me não ter passado os últimos dias a carpir mágoas pelas maldades que se têm feito a esse importante grupo demográfico que são as estátuas. Reconheço que têm sido vítimas de grande discriminação à volta do mundo: poiso de pombos; negligência estatal a cuidar dos monumentos; desprezo de 99,87% da população que as ignora e nem distingue ou reconhece os celebrados; alvo, durante as madrugadas, de homens que ingeriram excessiva cerveja; inúmeras outras formas de injustiça. Em todo o caso – e eis-me aqui pronta a receber o vosso julgamento –, não sou particularmente sensível ao sofrimento das pessoas de pedra e de bronze. Prefiro deter-me nos mais urgentes assuntos das pessoas constituídas de matéria orgânica e ainda com sinais vitais.

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