PJ detém a coleccionadora de arte Angela Gulbenkian para ser extraditada

Alemã, casada com um sobrinho-bisneto de Calouste Gulbenkian, é acusada de desviar dinheiro de clientes para uso próprio. Acusação alega que a alemã utilizou indevidamente o nome da instituição fundada pelo empresário arménio Calouste Gulbenkian para se autopromover como corretora e coleccionadora de arte.

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Fábio Augusto

A corretora e coleccionadora de arte Angela Gulbenkian foi detida pela Polícia Judiciária no cumprimento de um mandado de detenção europeu emitido pelo Reino Unido e encontra-se em prisão preventiva até ser extraditada. Em Fevereiro, um tribunal britânico tinha emitido um mandado de detenção contra a corretora e coleccionadora de arte, acusada de furto e de usar indevidamente o nome da Fundação Calouste Gulbenkian.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a PJ adianta que se trata de uma mulher de 38 anos, “negociante em obras de arte, suspeita da prática do crime de burla no valor de milhares de euros”, residente na região de Lisboa. 

Após ter sido detida, Angela Gulbenkian foi apresentado no Tribunal da Relação de Lisboa e aguarda em prisão preventiva o processo de extradição para o Reino Unido. O mandado foi emitido pelo Tribunal da Coroa de Southwark por a coleccionadora ter faltado a uma audiência judicial.

A 26 de Junho de 2019 já tinha sido emitido pelo Tribunal de Magistrados de Westminster um outro mandado contra a alemã, casada com um sobrinho-bisneto do empresário arménio Calouste Gulbenkian, que está a responder na justiça por alegadamente ter desviado 1,2 milhões de euros que se destinavam a comprar uma escultura da autoria da artista japonesa Yayoi Kusama, que nunca foi entregue ao comprador, um conselheiro de arte radicado em Hong Kong, Mathieu Ticolat, que processou Angela Gulbenkian civil e criminalmente. O advogado de Ticolat, Christopher Marinello, sublinhou que a alemã conseguiu “fintar” o mandado inicial ao convencer o tribunal de que estava a ser alvo de uma cirurgia na Alemanha.

Segundo a acusação, dias depois de receber o dinheiro na conta pessoal, a coleccionadora terá começado a gastá-lo num estilo de vida luxuoso, arrendando apartamentos caros, pagando jactos privados, adquirindo obras de arte e fazendo compras em lojas de renome. Num segundo caso, terá recebido 50 mil libras (56 mil euros) para comprar obras de arte para outro cliente, mas também gastou o dinheiro em despesas pessoais.

Em Maio de 2019, o advogado de Ticolat garantiu à agência Lusa que Angela Gulbenkian utilizou sempre o nome da Fundação Calouste Gulbenkian para se credibilizar durante o processo negocial para venda da escultura.

Em Agosto de 2018, questionada também pela Lusa, a negociadora de arte negou a acusação: “Sou casada com um Gulbenkian. Nunca disse que fazia parte da fundação. Nunca disse que queria pertencer à fundação. Nunca disse que queria ou ia fazer parte do museu. Se alguma vez tivesse dito isso, por que é que não foram ao site da fundação verificar as equipas? Toda a gente sabe que não estou lá. É do conhecimento geral que não faço parte da fundação ou do museu.”

Duarte Gulbenkian, o seu marido, é neto de Roberto Gulbenkian, que trabalhou com a fundação desde 1956, tendo sido responsável pelo Departamento das Comunidades Arménias. 

Angela Gulbenkian viu mesmo uma das suas contas congeladas por decisão de um tribunal no Reino Unido.

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