Inglaterra: alunos mais carenciados terão acesso gratuito à Internet

Tendo em conta as disparidades de acesso à Internet evidenciadas pela pandemia de covid-19, Inglaterra lança um programa para assegurar o acesso gratuito durante seis meses aos estudantes mais carenciados.

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Em Inglaterra, um programa financiado pela BT, uma multinacional de telecomunicações britânica, e coordenado pelo Departamento da Educação vai permitir distribuir 10 mil vouchers de acesso gratuito à Internet durante seis meses às famílias mais desfavorecidas, de acordo com a BBC. Marc Allera, da BT, declara que este projecto permitirá a milhares de alunos “acompanhar o ensino digital e o trabalho da escola online para o resto do período, durante as férias de Verão e até mesmo no Outono”.

O programa vai disponibilizar vouchers de acesso gratuito a cinco milhões de hotspots de wi-fi. As autoridades locais e academias irão fazer licitações para oferecer vouchers às famílias do seu agrupamento escolar que não têm Internet ou que não conseguem pagar dados. Em seguida, o Departamento da Educação decidirá as alocações.

Numa altura em que a maioria dos alunos do ensino primário e secundário continua a ter aulas online, tem-se denotado uma preocupação crescente quanto às desigualdades do acesso à Internet, um pouco por todo o mundo, inclusive Portugal. Neste sentido, Nick Gibb, subsecretário para questões de normas escolares, sublinha que o Governo britânico fará os possíveis para que nenhuma criança fique para trás devido ao coronavírus”. Porém, têm surgido avisos de que um número ainda maior de famílias carenciadas não possui sequer computador nem acesso adequado à Internet – este fosso social está a ser cada vez mais evidente com a transição para o e-learning.

A deputada trabalhista Siobhain McDonagh está a liderar uma campanha que defende um acesso mais justo à Internet. À BBC, afirma que existem 700 mil crianças desfavorecidas sem a tecnologia necessária para estudar online. Wayne Norrie, director-executivo da rede de escolas Greenwood Academies Trust, já alertou para o facto de que muitas famílias das suas escolas dependerem dos dados do telemóvel para a ligação à Internet. “Isto não é realista para o e-learning”, explicou à televisão britânica, no momento em que as escolas transitavam para o online nas semanas que antecederam o confinamento. “Muitas crianças não têm contratos de banda larga.”

Este não é o primeiro projecto lançado neste âmbito. Em Abril, o Governo inglês prometia emprestar computadores a jovens carenciados – neste momento, foram distribuídos 100 mil dos 200 mil que estavam previstos. 

Texto editado por Amanda Ribeiro

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