Grupo Super Bock vai reduzir 10% da força laboral

Redução da actividade devido à crise pandémica é a principal justificação da dona da Super Bock e da Vidago, detida pelos grupos Violas e Carlsberg. Processo, que arranca já este mês, já foi transmitido aos trabalhadores

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NFACTOS / FERNANDO VELUDO

O grupo português de cervejas e águas Super Bock, controlado em 56% pela Viacer SGPS e em 44% pela dinamarquesa Carlsberg, vão reduzir o número de postos de trabalho em 10% em Portugal, anunciou hoje a fabricante de bebidas.

Em comunicado enviado por email às redacções, a cervejeira com sede em Leça do Balio, em Matosinhos, afirma que “a significativa redução da actividade do Super Bock Group provocada pelo efeito da pandemia covid-19, bem como o cenário de recessão previsto para o futuro próximo, forçam a empresa a reajustar a sua estrutura para defender e proteger a sustentabilidade do grupo”.

“Esta difícil decisão”, defende a gestão, que “implica um reajustamento que afectará cerca de 10% da força de trabalho em diferentes áreas da organização, é tomada perante uma conjuntura excepcional e foi anunciada, esta tarde, à Comissão de Trabalhadores e a todos os colaboradores do grupo num processo que terá início este mês de Junho”.

O último relatório e contas do grupo - antes conhecido como Unicer e que não está cotado em bolsa - relativo ao ano de 2018, contabiliza em 1310 o número de colaboradores nesse ano, em que o grupo vendeu 458,04 milhões de euros (incluindo o IEC) e registou resultados líquidos após minoritários de 51,3 milhões de euros.

Se a companhia de bebidas manteve o mesmo número médio de trabalhadores com que terminou 2018, o “reajustamento”, como lhe chama a empresa, irá abranger cerca de 130 pessoas.

A companhia presidida por Manuel Violas e que tem como CEO Rui Lopes Ferreira garante contudo que está “empenhada em implementar soluções de compensação pelo impacto desta medida, tendo constituído um programa de apoio que inclui condições acima do quadro legal, bem como um programa de outplacement e formação focados na empregabilidade”.

O último corte de postos de trabalho desta dimensão no grupo cervejeiro ocorreu em 2012, quando a companhia decidiu concentrar a produção de cerveja em Leça do Balio, cessando essa actividade na unidade então operacional de Santarém, o que teve implicações directas no futuro de 133 trabalhadores, contabilizou na altura a companhia.

Desde então o grupo encerrou também a produção de água no Caramulo, foi anunciado em Janeiro do ano passado, com 26 empregados afectos à unidade, que na altura, garantiu o grupo, que teriam “a possibilidade de transferência para uma outra unidade do grupo”.

Com um passado que remonta até 1890, o hoje Super Bock Group abandonou o nome Unicer em 2017. No ano seguinte, um dos seus accionistas históricos, o BPI, saiu do capital na sequência da compra da instituição financeira pelos espanhóis do CaixaBank, o que abriu a porta a um reforço da Carlsberg. Hoje, o grupo dinamarquês é dono de 59,96% de forma directa (44%) e indirecta do grupo cervejeiro nortenho (via os 28,5% que detém na Viacer, dona de 56% da cervejeira portuguesa). Os restantes 71,5% da Viacer SGPS estão nas mãos do grupo Violas.

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