Procuradoria brasileira investiga ataques de apoiantes de Bolsonaro contra o Supremo

Pedido de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) foi atendido pelo procurador Augusto Aras. Apoiantes de Bolsonaro simularam bombardeamentos do STF com fogo de artifício e pediram intervenção militar.

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Apoiantes de Bolsonaro voltaram a pedir intervenção militar no sábado, em Brasília EPA/Joedson Alves

A Procuradoria-geral da República brasileira abriu no domingo uma investigação preliminar aos acontecimentos de sábado à noite em Brasília, quando duas centenas e meia de apoiantes do Presidente Jair Bolsonaro simularam um bombardeamento ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o lançamento de fogo-de-artifício em direcção ao edifício.

O procurador Augusto Aras aceitou o pedido do presidente do STF, Dias Toffoli, que solicitou “a responsabilização penal daquele(s) que deu/deram causa directa ou indirectamente, inclusive por meio de financiamento, dos ataques e ameaças” contra o Supremo e contra o “Estado democrático de direito”, cita a Folha de S.Paulo.  

Ao mesmo tempo, Toffoli pediu a responsabilização criminal de um dos mais fervorosos apoiantes de Bolsonaros, Renan da Silva Sena, por ameaças contra os ministros do Supremo. O homem, que chegou a trabalhar para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Cidadania, foi detido no domingo por aparecer em vídeos a ameaçar o governador de Brasília, Ibaneis Rocha.

O procurador João Paulo Lordelo, assessor de Aras para matérias penais, que assina a portaria, lembra que a 5 de Maio já havia pedido ao Ministério Público Federal um memorando indicando que Renan Sena cometera crimes ao agredir verbalmente enfermeiras que protestavam em Brasília pela falta de equipamento de protecção para os profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate ao coronavírus.

Entretanto, Ibaneis Rocha decidiu exonerar o subcomandante da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal, Sérgio Luiz Ferreira de Souza, por causa dos acontecimentos de sábado em que os apoiantes de Bolsonaro voltaram a defender medidas anticonstitucionais. O governador de Brasília justifica-se “pelo facto de não se admitir ataques à República e aos poderes” que não foram impedidos pela PM.

“O vice-comandante deveria ter tomado as medidas correctas para não ter chegado ao ponto de jogar fogos em cima de um poder, que é o nosso STF”, disse o governador, citado pelo G1. Com o comandante-geral da PM, coronel Julian Pontes, de baixa por estar doente com covid-19, o subcomandante Souza estava à frente da corporação.

O incidente de sábado levou o governador de Brasília a interditar a Esplanada dos Ministérios durante 24 horas, desde a meia-noite de sábado à meia-noite de domingo.

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