Gregos são os que mais crêem na democracia e que mais defendem a luta do seu governo contra a covid-19

Conclusões do Índice de Percepção da Democracia foram apresentadas esta segunda-feira. Esmagadora maioria dos países considera que a resposta da China à pandemia foi muito melhor que a dos Estados Unidos.

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Turistas a chegarem ao Aeroporto Internacional de Atenas ALKIS KONSTANTINIDIS/Reuters

Apesar da severa crise económica que atravessa desde 2010, a Grécia continua a ser o país que mais acredita na democracia. Em plena pandemia de covid-19, os cidadãos do país fundador da democracia são também dos que mais confiam no seu governo e dos que mais apoiam as medidas de confinamento tomadas nos últimos meses.

A nível global, 78% das pessoas consideram a democracia importante, uma ideia maioritária em todos os países, sendo que a Grécia regista o valor mais elevado (92%), enquanto o Irão apresenta o valor mais baixo (50%). No entanto, 40% das pessoas que vivem em democracias acreditam que o seu país não é democrático, enquanto 43% da população afirma que o governo do seu país apenas serve uma minoria de pessoas. Em Portugal, este sentimento é partilhado por 49% dos cidadãos.

Estas são algumas das conclusões do Índice de Percepção da Democracia, um estudo sobre democracia a nível global, conduzido pela Dalia Research em colaboração com a Rasmussen Global, que teve por base 124 mil entrevistas realizadas em 53 países, cujos resultados preliminares foram divulgados esta segunda-feira.

Neste relatório, que será apresentado na íntegra nos próximos dias 18 e 19 de Junho, em Copenhaga, na Dinamarca, durante a Cimeira da Democracia, que contará, entre outros, com a presença do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e com o activista Joshua Wong,  é apresentado o défice de percepção democrática, que mede se os governos estão ou não a corresponder às expectativas dos cidadãos quanto à democracia.

Taiwan, Filipinas, Suíça, Dinamarca e Arábia Saudita apresentam o menor défice entre expectativa e percepção, enquanto Venezuela, Polónia, Hungria, Ucrânia e Tailândia são os países cujas expectativas dos cidadãos quanto à democracia mais estão a ser defraudadas.

Covid-19: China melhor que os EUA

Uma das novidades do relatório desde ano foi a introdução de várias questões relativas ao impacto da covid-19 e à percepção dos cidadãos quanto aos danos que esta causou à democracia.

A maioria das pessoas (70%) estão satisfeitas com a resposta do seu governo à pandemia de covid-19. Os países onde a percepção é mais negativa são o Brasil e o Chile, países que demoraram mais tempo a introduzir medidas de confinamento, e onde apenas 34% e 39% dos cidadãos, respectivamente, consideram que os líderes governamentais estão a tomar as medidas necessárias. Em Portugal, 84% dos inquiridos dizem estar satisfeitos com as medidas tomadas pelo Governo.

Depois da China e do Vietname, a Grécia é o país em que os cidadãos estão mais satisfeitos com a actuação do governo na gestão da pandemia. O Governo de Kyriakos Mitsotakis tem sido apresentado como um exemplo, pela rápida resposta na imposição de medidas de distanciamento social - o país regista 3121 casos de infecção e 183 mortos. No final da lista surgem Brasil, Chile, França, Espanha e Japão. 

Apesar de mais de metade dos inquiridos considerarem que os seus governos não exageraram nas medidas tomadas para conter a pandemia, cerca de metade também considera que algumas das políticas adoptadas violam liberdades essenciais. Nos países democráticos, os inquiridos mostraram-se divididos neste assunto: 39% afirmam que os governos foram longe de mais, enquanto 38% consideram que não.

Apesar de a grande maioria dos países considerar a democracia importante, a esmagadora maioria mostrou maior simpatia pelas medidas autoritárias tomadas pela China para conter a covid-19, comparativamente à resposta dos Estados Unidos. Apenas Japão, Taiwan, Coreia do Sul e os próprios EUA consideram que a resposta norte-americana foi mais eficaz do que a de Pequim.

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