Movimento Global Athlete pede fim da regra olímpica que proíbe protestos

Posição do Comité Olímpico Internacional face à possibilidade de manifestações em Tóquio gerou tomada de posição.

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Posição de Thomas Bach está a ser contestada pelos atletas Reuters/IOC/Greg Martin

Os efeitos da morte de George Floyd, nos EUA, continuam a fazer-se sentir também no mundo do desporto. Entre os avanços e recuos do Comité Olímpico Internacional (COI) relativamente à aplicação da regra 50 da carta olímpica, o movimento Global Athlete veio a público reclamar o fim da norma que impede manifestações do foro político, religioso ou racial. 

"Durante demasiado tempo, os atletas tiveram que escolher entre competir em silêncio e defender o que é correcto. É tempo de mudança. Todos os atletas devem ter o poder de usar as suas plataformas, gestos e vozes. O silêncio da voz do atleta levou à opressão, ao abuso e à discriminação no desporto”, afirmam os atletas, em comunicado.

Criticando o facto de os desportistas raramente serem ouvidos, mesmo sendo o mais importante dos agentes, o Global Athlete apela ao apoio de mais e mais atletas, bem como dos patrocinadores e das federações nacionais, para levar a cabo a mudança que entendem ser necessária. 

“O COI e as próprias regras do CPI [Comité Paralímpico Internacional] descritas na regra 50 da Carta Olímpica são uma clara violação dos direitos humanos de todos os atletas. O COI e o CPI devem respeitar o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que declara: ‘Toda a gente tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de manter opiniões sem interferência’”, pode ler-se no documento.

Depois de Thomas Bach, presidente do COI, ter chegado a admitir a punição dos atletas que levassem a cabo acções de protesto em Tóquio, nos próximo Jogos Olímpicos, o Global Athlete decidiu tomar posição. E o posterior recuo do dirigente de nada serviu para tranquilizar os atletas. “Pedimos ao COI e ao CPI que ponham fim a esta hipocrisia, apoiem os atletas e extingam a regra 50. Os atletas não serão mais silenciados”.

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