Morreu o almirante Vieira Matias, antigo chefe do Estado-Maior da Armada

O almirante Nuno Gonçalo Vieira Matias foi chefe do Estado-Maior da Armada entre 1997 e 2002, e morreu este sábado com 81 anos.

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Carlos Lopes
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ADRIANO MIRANDA
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O almirante Nuno Gonçalo Vieira Matias, que foi chefe do Estado-Maior da Armada entre 1997 e 2002, morreu este sábado, vítima de doença prolongada, anunciou a Marinha. Numa nota publicada no portal oficial da Marinha, o almirante Vieira Matias é recordado como “um dos mais notáveis líderes e militares contemporâneos com uma carreira brilhante” ao serviço de Portugal.

O velório realiza-se no domingo, limitado à família, e haverá uma missa de corpo presente na segunda-feira, às 10h15 na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, presidida pelo bispo das Forças Armadas, Rui Valério. De acordo com a mesma nota da Marinha, após a missa, o funeral segue para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, pelas 11h.

Nascido em Porto de Mós, no distrito de Leiria, em 1939, Vieira Matias entrou para a Academia Militar em 1957 e um ano mais tarde para a Escola Naval. Após a sua graduação em 1961, fez várias comissões em Portugal e em Angola, tendo-se especializado em artilharia e em fuzileiro especial.

Desempenhou o cargo de comandante do Destacamento n.º 13 de Fuzileiros Especiais em missão na então colónia portuguesa da Guiné. De regresso a Portugal, foi professor de artilharia na Escola Naval, em acumulação com o cargo de director do Laboratório de Explosivos da Marinha, tendo depois sido promovido a capitão-tenente.

De 1976 a 1978, foi comandante das forças de fuzileiros e posteriormente comandante das defesas marítimas e capitão dos portos de Portimão e Lagos, tendo sido promovido a capitão-de-fragata em 1977.

Foi promovido a contra-almirante em 1990 e seis meses mais tarde assumiu o cargo de subchefe do Estado-Maior da Armada. Foi promovido a vice-almirante em Fevereiro de 1994, passando a desempenhar as funções de superintendente do serviço do material, até que, em 1995, tomou posse como comandante naval e comandante da área ibero-atlântica.

O almirante Vieira Matias protagonizou um diferendo com o Governo de António Guterres, no início de 2002, por exigir mais meios para a Marinha. Numa “comunicação interna da Marinha”, com data de 9 de Novembro de 2001, Vieira Matias alertava para “o adiamento de acções de reparação e manutenção das unidades navais” e para o adiamento em equiparar os vencimentos do pessoal do regime de contrato” com os do quadro permanente. Já depois de ter abandonado a Marinha, Vieira Matias denunciou, em declarações ao PÚBLICO, a existência de navios parados e até abatidos por falta de componentes. No ano seguinte, o orçamento do seu sucessor haveria de ser maior, mas as queixas persistiram.

Na sua última carta como Chefe do Estado-Maior da Armada, intitulada “Honra, Orgulho e Desgosto”, Vieira Matias disse sair “desgostoso” e criticou a "baixa prioridade atribuída à Instituição Militar”. "Saio desgostoso porque, apesar de termos planeado, por iniciativa da Marinha, uma componente naval do Sistema de Forças Nacional mais reduzida, com a aprovação nas sedes próprias do Estado, tardam os passos essenciais à sua edificação”, disse.

Marcelo recorda “notável militar"

Numa nota publicada no portal da Presidência da República, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, recorda-o como um “notável militar” que se tornou também “num notável investigador e académico, dedicando-se ao estudo dos mares e das suas potencialidades”.

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Na sua última carta como Chefe do Estado-Maior da Armada, Vieira Matias disse sair “desgostoso" Rui Gaudêncio

Marcelo Rebelo de Sousa refere que exerceu funções como membro da Comissão Estratégica dos Oceanos e do Conselho Consultivo Europeu de Investigação sobre Segurança da União Europeia, como presidente do Conselho Supremo da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, presidente da Academia de Marinha, membro efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e vogal do Conselho das Ordens Honorificas Portuguesas.

O Presidente da República salienta ainda que “o Almirante Vieira Matias foi várias vezes agraciado pelo Estado Português, destacando-se as condecorações com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e mais recentemente com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique”, atribuída em Janeiro deste ano.

O Ministério da Defesa também já emitiu um comunicado no qual recorda as dez condecorações estrangeiras, do Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, França e Itália.

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