Dúvida na área em Portimão e duplo erro no Dragão

Do arranque da 26.ª jornada da I Liga, destacam-se dois jogos com impacto directo na luta pelo título, nos quais as decisões de arbitragem acabam por assumir uma relevância ainda maior.

No jogo Portimonense-Benfica, o principal e mais difícil caso de análise de jogo ocorreu ao minuto 50, ficando a dúvida se Taarabt jogou ou não a bola com o braço no interior da sua área. Mesmo depois de se verem três repetições de ângulos diferentes, a única certeza que fica é que a bola, ao passar pelo jogador benfiquista, sofre claramente uma alteração da sua trajectória.

Na minha opinião, Taarabt tocou inicialmente a bola com a cabeça, acabando esta por ressaltar para o seu braço. Como agravante há o facto de o braço estar numa posição indevida, ou seja, numa posição não natural, fora do plano do corpo e a ganhar volumetria; como atenuante temos aquilo que a lei 12 (faltas e incorrecções) dispõe na sua página 104, quando diz que normalmente não se pune como infracção uma bola que ressalte para a mão vinda da cabeça ou qualquer parte do corpo do próprio jogador.

Que Taarabt arriscou demasiado ao colocar o braço naquela posição, isso é evidente, mas considerando o que está contemplado na lei, dou como válida a decisão de não assinalar pontapé de penálti - concedendo, desta forma, o claro benefício da dúvida para o binómio árbitro/videoárbitro (VAR).

Dos restantes lances resultam as seguintes considerações. Minuto 18, golo de Pizzi é legal, pois Rafa (que fez a assistência) estava a ser colocado em jogo (87 cm). Ao minuto 77, Rúben Dias cai na área dos algarvios depois de a bola lhe ter batido na mão e ressaltado para a cabeça. Não obstante dois dos três adversários que disputaram a bola com ele lhe terem posto as mãos no peito e nas costas, essa acção não teve como consequência a queda ou o impedimento de jogar a bola, foi antes uma acção de protecção no momento do contacto que acabou por ser inevitável.

De realçar ainda que foram dados sete minutos de “recuperação de tempo perdido”, que popularmente apelidamos de “descontos”, que foram justificamos por causa das três paragens no segundo tempo para substituições, assim como para a assistência a jogadores lesionados. Contudo, o árbitro ainda prolongou o jogo mais dois minutos e 40 segundos para lá dos sete que deu, em virtude da assistência e transporte em maca para fora do terreno de jogo (e consequente substituição) do jogador do Portimonense Dener.

Mais a norte, no Estádio do Dragão, destaco três lances em particular no FC Porto-Marítimo. Ao minuto 6, o golo de Corona, que é legal: quando o mexicano salta e ganha a bola antes do remate, nunca toca a bola com a mão ou braço, o que, com as novas alterações às leis de jogo, anularia o golo. Resumindo, nenhuma infracção foi cometida.

Minuto 13, uma situação quase despercebida no contexto da jogada, Marega cai na área do Marítimo, mas por se ter levantado de imediato e prosseguido a jogada, fica a ideia de que tudo terá sido legal, ou seja, choque e contacto ombro com ombro, com René Santos. Não foi isso que aconteceu: o jogador insular toca com a perna direita na perna esquerda do avançado do FC Porto e é essa acção que o faz cair, tratando-se, portanto, de uma rasteira. Por isso, ficou um pontapé de penálti por assinalar.

Ao minuto 45+2, Zé Luís cai na área em disputa de bola com René. Neste caso sim, disputa de bola, contacto legal, protecção da bola com o uso do corpo, pelo que a decisão de não assinalar pontapé de penálti é correcta.

Minuto 85, a expulsão de Alex Telles por acumulação de cartões amarelos. Se nos centrarmos no final do lance, parece tudo correcto. O lateral portista, depois de perder a bola, agarra o jogador do Marítimo com o único objectivo de impedir a sua progressão. Mas no início da jogada, e é aquilo que leva à perda da bola por parte de Alex Telles, vê-se de forma clara que Edgar Costa puxa a camisola do brasileiro - e é esta acção que impede e retarda a progressão e o controlo da bola. A decisão técnica neste lance deveria ter sido um livre directo a favor do FC Porto, o que teria como consequência disciplinar a não amostragem do segundo cartão amarelo e consequente expulsão.

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