Polícia sueca vai revelar novas informações sobre o assassínio de Olof Palme

Procurador reabriu o caso em 2017 e garante ter “uma ideia muito clara” do que aconteceu ao antigo primeiro-ministro sueco, assassinado em 1986.

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Olof Palme após vencer as eleições de 1982 Reuters/TT NEWS AGENCY
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Rosas na placa que assinala o local onde Olof Palme foi assassinado Reuters/Bob Strong

Trinta e quatro anos após o assassínio de Olof Palme, o mistério em torno da morte do carismático primeiro-ministro sueco poderá, finalmente, ser desvendado.

As autoridades suecas vão apresentar, na quarta-feira, as conclusões da investigação que reabriram em 2017, e, segundo avança o jornal sueco Aftonbladet, a polícia pode ter em sua posse a arma utilizada no crime.

Olof Palme, na altura com 59 anos, foi assassinado no dia 28 de Fevereiro de 1986 em Estocolmo, depois de sair do cinema com a sua mulher. O autor do crime nunca foi identificado e, ao longo dos anos, sucederam-se as mais diversas teorias quanto à morte do primeiro-ministro, embora nenhuma tenha sido comprovada.

Olof Palme, do Partido Operário Social-Democrata sueco, foi primeiro-ministro entre 1969 e 1976, e depois entre 1982 e 1986. Durante os seus mandatos, ficou conhecido pelas suas políticas progressistas e pelo apoio aos sindicatos, bem como pelas críticas à política externa dos Estados Unidos e da União Soviética. Foi também um forte crítico do apartheid sul-africano.

Apesar de o crime ter acontecido numa das ruas mais movimentadas de Estocolmo e do elevado número de testemunhas no local, ninguém conseguiu identificar o homem que disparou dois tiros e matou Palme.

Quando o procurador Krister Petersson reabriu o caso em 2017, poucos acreditavam que conseguisse chegar a conclusões. Contudo, em Fevereiro, Petersson anunciou que as autoridades suecas estavam convencidas de que tinham “uma ideia muito clara” do que aconteceu naquela noite de 28 de Fevereiro de 1986. As conclusões serão reveladas quarta-feira de manhã.

Segundo a BBC, as balas recuperados no local do crime confirmam que o assassino utilizou uma Magnum .357, uma arma muito poderosa e que nem um colete à prova de bala poderia ter salvo o primeiro-ministro. Acresce que, na noite do crime, Olof Palme não tinha a protecção de guarda-costas.

Em 1988, a polícia sueca deteve Christer Pettersson, um homem que encaixava na descrição feita pela mulher do primeiro-ministro, Lisbet Palme, que sobreviveu ao ataque. Pettersson foi condenado em 1989 e absolvido no ano seguinte, por falta de provas.

Desde então, o assassínio de Olof Palme tem servido de imaginário para uma série de teorias da conspiração e tem levado a grandes investigações, não só por parte das autoridades, como também por jornalistas, escritores e diplomatas.

De acordo com o The Guardian, investigadores suecos encontraram-se em Março, em Pretória, com investigadores sul-africanos para cruzar informação sobre o caso.

Esta tese é partilhada por Goran Björkdahll, diplomata sueco que tem investigado o caso independentemente, que está convencido de que o regime sul-africano ordenou o assassínio de Olof Palme. O diplomata, refere o jornal britânico, encontrou-se, em 2015, com militares da época do apartheid, que lhe confidenciaram o nome dos agentes supostamente envolvidos no crime.

Também o antigo diplomata e escritor Jan Stocklassa, após dar continuidade à investigação dos arquivos esquecidos de Stieg Larsson, que à data da sua morte (2004) investigava o homicídio de Palme, reitera a tese da ligação do regime sul-africano ao crime.

Já Jan Bondeson, autor do livro Blood on the Snow: The Killing of Olof Palme, ouvido pela BBC, acredita na hipótese de Olof Palme ter sido assassinado devido a um negócio de armas entre a Bofors, uma empresa de armamento sueco, e a Índia, uma pista que foi ignorada pela polícia.

Outra das possibilidades avançadas aponta para Stig Engstrom, um funcionário da Skandia, uma empresa de seguros localizada perto do local do crime, que morreu em 2000 e que tinha treino com armas, possivelmente com a arma utilizada no crime, e posições políticas opostas às ideias progressistas de Palme. Além disso, diz a BBC, Engstrom mentiu às autoridades suecas quando foi interrogado, tendo afirmado que tentou reanimar o ex-primeiro-ministro depois de este ter sido baleado. 

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