Excesso de súbditos e escassez de cidadãos

Não conheço o professor Costa e Silva mas acredito que tenha assumido esta tarefa por bons e generosos motivos. Trata-se de uma personalidade de valor com que o país deve contar. O problema, como procurei evidenciar atrás, é outro.

A grande fragilidade da democracia portuguesa reside na pobreza do nosso espaço público. O problema é velho e revelho, tem origens diversas e manifesta os seus efeitos dolosos com especial acuidade nos momentos de crise. Nestas ocasiões notamos mais a falta que nos faz uma imprensa culta e exigente, um conjunto de vozes livres e inteligentes, uma opinião pública educada e capaz de exercer uma função crítica séria e fundamentada. É claro que tudo isto existe, só que a sua dimensão é demasiado exígua para corresponder às necessidades de uma democracia verdadeiramente amadurecida. Olha-se para um jornal de referência e constata-se demasiada reverência e insuficiente independência; os programas de entretenimento das televisões acolhem entusiasticamente governantes dispostos à exibição despudorada de intimidades diversas; nas redes sociais hordas de bárbaros incontinentes, devidamente arrebanhados, perseguem todo e qualquer espírito minimamente livre. Há momentos em que uma certa sensação de irrealidade parece pairar sobre o país.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção