Como livrar a casa dos pêlos dos animais? A resposta nem sempre está na tosquia

Com os primeiros dias de calor, muitos dos que têm animais em casa deparam-se com um problema: uma queda abrupta de pêlo, que parece invadir toda a casa. Mas tosquiar nem sempre é a solução.

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Cães de pêlo curto e gatos nunca devem ser tosquiados Tatiana Rodriguez/Unsplash

Quem escolha ter um cão ou um gato por companhia — ou ambos —, salvo uma ou outra excepção, sabe à partida que irá passar o tempo de aspirador ou vassoura na mão. Sobretudo quando chegam os primeiros dias de calor, altura em que os bichos sabem que devem “despir o casaco” de Inverno. Tosquiar pode ser uma solução à vista — mas, nem sempre a mais indicada.

O pêlo de qualquer animal tem uma função protectora — e, ao contrário do que se possa imaginar, não é indicado apenas para afastar o frio. Também serve para não deixar entrar o calor, além de proteger a pele dos raios ultravioleta.

E há diferentes tipos de pêlo a ter em conta: curto, longo, macio, rijo, sendo que, em alguns cães, observa-se a existência de duas camadas distintas.

É com base no tipo de pêlo que se deverá decidir a tosquia: enquanto nos cães de pêlo longo, a tosquia pode ser essencial à manutenção da higiene, para os de pêlo curto não é aconselhável. “Em todos os animais de pêlo curto, depois de rapar vai nascer um pêlo que não vemos, mas que respiramos”, sendo perigoso para o animal, mas também para quem convive com ele, alerta a groomer Carla Costa.

Já se apresentar pêlo encaracolado (um Cão d’Água, um Caniche, um Bichon Frisé), então, “o animal pode ser tosquiado à vontade”, ainda que a especialista desaconselhe rapar no Verão: “A pele vai ficar mais exposta ao calor, ao sol, e o cão vai ter mais dificuldade em arrefecer.”

Já para os bichos com duas camadas de pêlos, caso do Pastor Alemão, do Labrador ou do São Bernardo, a tosquia é totalmente desaconselhada. É que, ao contrário do que se pode imaginar à primeira vista, estes cães têm o seu próprio sistema de climatização: quando os dias quentes chegam, o que cai maioritariamente é o subpêlo (“a chamada lã”), permitindo ao ar circular por entre o pêlo superior e mais duro, sem comprometer a pele, muito sensível.

Sem possibilidade de tosquia, o tratamento do pêlo poderá ser a forma mais eficaz de ver menos tufos pelos cantos da casa. A começar por um “bom banho, com água tépida e um produto indicado”, o que irá ajudar a que o subpêlo se solte. Também a escovagem, com uma ferramenta com dentes pouco agressivos (e “evitando recorrer às escovas do tipo furminator”) ou mesmo um pente comum, pode ajudar a vermo-nos livres da tal lã — para ajudar, Carla Costa indica que existem no mercado produtos que têm a função de um amaciador. Para terminar, ter sempre o cuidado de secar bem o cão após o banho (“com um secador ajustado para ar não muito quente”) e não ir logo a seguir para a rua.

No caso dos cães de pêlo curto, “que nunca se deve cortar”, a groomer aconselha, além do banho, uma escova macia.

No entanto, mesmo para os cães de pêlo longo o aconselhado é nunca tosquiar até se ver a pele, deixando pelo menos dois centímetros — a quantidade suficiente para a proteger.

No que se relaciona com gatos, Carla Costa é peremptória: salvo raras excepções, a ordem é para não tosquiar felinos. “Não aconselho, nem mesmo aos de pêlo comprido.” Antes, “deve-se habituar os animais ao banho desde bebés, tornando natural o contacto com a água”.

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