Mais dez mortes e 377 casos. Há menos pessoas internadas

Versão inicial do boletim desta sexta-feira da DGS dava conta de mais doentes hospitalizados e nos cuidados intensivos, mas afinal há menos 24 internados e o mesmo número de casos críticos que na quinta-feira. Os 377 novos casos de infecção representam o maior aumento em quase um mês e fazem com que os casos activos estejam no valor mais alto desde que foi adoptada a nova estratégia de contagem de recuperações, a 23 de Maio.

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Miguel Manso

Portugal regista esta sexta-feira mais 10 mortes por covid-19, um aumento de 0,69%, somando-se um total de 1465 vítimas mortais no país desde o início do surto. Há mais 377 pessoas infectadas –​ o maior aumento diário desde 8 de Maio, quando foram detectados 553 novos casos –, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 1,12% que eleva para 33.969 o número de total de casos identificados em Portugal. Destes novos casos, 336 (89%) são da região de Lisboa e Vale do Tejo.

Os números, divulgados esta sexta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), dão conta de menos 24 pessoas internadas, para um total de 421, das quais 58 estão nos cuidados intensivos. Estes números foram apresentados pela DGS numa rectificação do boletim enviada cinco horas depois. O relatório enviado inicialmente dava conta de mais 30 pessoas internadas e mais seis doentes em unidades de cuidados intensivos. A DGS explicou que a falha se deveu a um erro na contagem de um hospital.

Recuperaram da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 mais 203 pessoas, o que faz aumentar o número total de recuperados para 20.526. Excluindo estes casos e os óbitos, há 11.978 casos activos em Portugal, o valor mais alto desde 23 de Maio, um dia antes de ter sido aplicada a estratégia de contagem que tem sido utilizada desde então.

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou que Portugal tem actualmente uma taxa de ocupação das camas nos hospitais de 62%, com 350 camas ocupadas e 215 vagas. Destas, “entre 16 e 20%” correspondem à taxa de ocupação por casos de covid-19 em todo o país. Destacou ainda, durante a conferência de imprensa desta sexta-feira sobre a evolução da pandemia em Portugal​, que “temos uma rede que, para além de expansiva, comunica muito bem” e que “permite que os doentes possam ser transferidos para outros hospitais” caso seja necessário.

A taxa de letalidade global da doença é de 4,3% e sobe para 17,4% acima dos 70 anos, sendo que perto de 87% das mortes são acima dos 70 anos. Lacerda Sales referiu ainda que, no geral, os lares registam 520 óbitos, dos quais 273 foram registados na região Norte, 141 no Centro, 109 em Lisboa e Vale do Tejo, um no Alentejo e cinco no Algarve.

Cerca de 61% dos novos casos foram pessoas entre os 20 e os 49 anos: 80 novos casos na faixa etária dos 20 aos 29 anos; 96 novos casos entre os 30 e os 39 anos; e 55 novos casos entre os 40 e os 49 anos.

Lisboa com “números de incidência relativamente elevados”

A região de Lisboa e Vale do Tejo concentra o maior número de novos casos, com 336 dos 377 identificados nas últimas 24 horas. Desde Março, é a segunda região com mais casos identificados em termos cumulativos, com 12.473, contabilizando 387 mortes.

Na conferência de imprensa, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, sublinhou que a situação na região da capital “tem sido acompanhada com muita atenção porque, de facto, as outras regiões apresentam uma tendência decrescente até acentuada e Lisboa apresenta uma tendência estável, mas com números de incidência relativamente elevados em relação ao resto do país”.

“Por isso é que temos focado tanta da nossa atenção em Lisboa. Temos focado uma atenção enorme a testar muitos milhares de pessoas. Esta testagem tem como grande objectivo identificar os casos positivos que não estejam sintomáticos”, notou, salientando que o objectivo é isolar estes casos e “evitar que as cadeias de transmissão se continuem a verificar”.

Graça Freitas salienta que tem havido uma “grande intervenção” das autoridades de saúde, das autarquias, da segurança social e das forças policiais, que têm assegurado que as pessoas cumprem o isolamento. É um “esforço comunitário muito importante para conseguir que a situação em Lisboa estabilize, comece a descer e acompanhe a do resto do país”, concluiu.

Em relação aos rastreios em empresas na Grande Lisboa e na Azambuja, o secretário de Estado da Saúde revelou que foram já feitas cerca de 13.500 colheitas pelo INEM, das quais cinco mil foram realizadas quinta-feira.

No Norte, foram identificados 15 casos e há registo de duas mortes nas últimas 24 horas. A região continua a ser a que acumula o maior maior número de casos e de mortes desde o início do surto, com 16.834 pessoas infectadas e 803 óbitos.

Na região Centro foram detectados mais 19 casos e morreram mais quatro pessoas, para um total de 3789 infectados e 244 mortes. O Algarve registou quatro novos casos e o Alentejo apenas um.

Os Açores e a Madeira são as regiões com menor número total de casos, com 138 e 15, respectivamente. A Madeira é a única região sem mortes registadas. Esta sexta-feira, a Autoridade de Saúde Regional dos Açores informou em comunicado que a região está “sem qualquer caso positivo activo de infecção”, depois da recuperação do último doente, uma mulher de 40 anos residente na ilha de São Miguel.

Lisboa continua a ser o concelho em que foi identificado o maior número de casos desde Março, com 2555. Nas últimas 24 horas, foram aí detectados 19 novos casos. O concelho com maior número de novos casos é o de Sintra, com mais 121 que o registo do dia anterior, mas o boletim da DGS de quinta-feira não tinha apresentado novos casos no concelho desde o dia anterior.

Amadora (36 novos casos), Loures (25 novos casos), Odivelas (15 novos casos) Vila Franca de Xira (12 novos casos) e Cascais (16 novos casos) foram os restantes concelhos com maior número de novos casos.

Até quinta-feira, Portugal tinha registado um total de 33.592 casos de infecção, 11.814 dos quais casos activos, 1455 mortes e 20.323 recuperados.

Assinado despacho que autoriza “mobilidade temporária” de profissionais de saúde para o Algarve

António Lacerda Sales referiu que, com a abertura da época balnear, “muitas pessoas rumam ao Algarve”, sublinhando que “ao longo dos anos o Governo tem acautelado o reforço dos cuidados de saúde naquela região”.

Com o “aumento transitório da população” e a actual situação epidemiológica em Portugal, verifica-se a “necessidade de ajustamento da prestação de cuidados de saúde nos postos de praia”, justificando-se a “adopção de medidas excepcionais de contenção e prevenção” da epidemia.

Neste sentido, o secretário de Estado da Saúde revelou que assinou um despacho que “autoriza a mobilidade temporária” de médicos e enfermeiros para unidades de saúde na área geográfica de influência da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, revelando ainda que “os profissionais de saúde poderão ver as vagas” disponíveis na página da ARS. O objectivo passa por “garantir a segurança e a saúde de todos em tempo de férias”.

Destacando que se “aproxima uma semana de feriados e a época de férias”, Graça Freitas lembrou que “este ano vamos poder fazer férias de forma diferente”, o que significa que “temos que manter o distanciamento em relação a outras pessoas que não sejam aquelas com quem habitualmente convivemos”. “As pessoas que fazem parte do agregado familiar podem manter-se juntas”, mas devem manter o distanciamento das outras pessoas, disse.

As pessoas infectadas ou com suspeitas de uma possível infecção “não devem circular”, mas sim permanecer em casa “isoladas profilacticamente durante 14 dias”. “A questão não é ir para outras regiões, não devem ir nem para a casa do lado”, salientou, apelando novamente às pessoas “que têm indicação das autoridades de saúde para estar em isolamento” que permaneçam em casa.

A directora-geral da Saúde esclareceu que o apelo feito para que as pessoas cumpram o isolamento está relacionado com o facto de que “a percepção do risco difere” durante as várias fases da epidemia.

“Se eu não tiver a sensação de que corro risco e posso pôr os outros em risco, tenderei a sair e a conviver. Nesta altura, temos alguns indicadores, através de estudos, que [indicam que] a percepção do risco começa a ser menor. As pessoas estão mais aliviadas e descontraídas, é normal que tendam a abandonar o estado de isolamento. O que não quer dizer que isto não tenha acontecido noutras alturas”, afirmou Graça Freitas.

“O nosso país está à beira de controlar a situação epidémica e temos que fazer um esforço final e cumprir esse isolamento”, disse Graças Freitas, sublinhando que “essas pessoas não devem ir trabalhar e os seus filhos não devem ir à escola nem a nenhum outro sítio público”.

Notícia actualizada às 18h32 com os números corrigidos de internamentos e doentes em unidades de cuidados intensivos.

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