Sara Serpa: música para roubar o colonialismo ao silêncio

A partir de imagens super 8 registadas pelo avô em Angola, Sara Serpa criou um filme e um álbum para colocar na mesa o colonialismo português e o racismo que continua a poluir os nossos dias.

Foto
Carolina Saez

O avô materno de Sara Serpa nasceu em Angola, em 1914. Nesse mesmo ano, o Estado português publicava legislação que regulava o trabalho dos “indígenas” nas colónias, classificando como indígenas, no decreto nº 951 de 14 de Outubro, “os naturais das colónia portuguesas nascidos de pais indígenas e que pela sua educação, hábitos e procedimento não se afastam do comum das raças africanas”. Quando começou a trabalhar no seu projecto Recognition, a cantora portuguesa esbarrou na Lei do Indigenato ao procurar um discurso oficial português sobre as colónias lavrado no ano do nascimento do seu avô. Embora a escravatura tivesse já sido abolida, ali estava aquilo que a cantora via como uma “oficialização do africano como ignorante, sem direitos, a quem só é permitido fazer o que manda o empregador branco — só que não recebia dinheiro algum, era realmente trabalho escravo”.

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