Governo estima que a queda do PIB ronde os 7,5%

A ministra de Estado e da Presidência notou algumas convergências entre o pacote de propostas do PSD e as medidas que vão ser anunciadas esta quinta-feira pelo Conselho de Ministros. A governante diz que o Governo está a trabalhar num cenário de queda do PIB inferior ao estimado pelo FMI.

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Mariana Vieira da Silva tem integrado a equipa de António Costa nas reuniões com os partidos LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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Mariana Vieira da Silva é ministra da Presidência LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Mariana Vieira da Silva está optimista em relação à evolução dos números do desemprego e diz que os caminhos de resposta à crise económica apontados por Bruxelas se cruzam com os caminhos que já constavam no programa socialista. Numa entrevista ao podcast do PS, Política com Palavra, a ministra da Presidência adiantou que o regime de layoff irá progressivamente aproximar-se dos salários a 100% e disse que o Governo estima que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) ronde os 7,5%. A governante confirmou ainda que no pacote de medidas que estão a ser preparadas pelo executivo haverá uma preocupação de capitalizar as empresas, o que vai ao encontro das propostas sociais-democratas. Mas acrescentou que mais importante do que um acordo com o PSD é “o diálogo político permanente com todos os partidos”.

“Um programa de estabilização não altera os fundamentos das nossas políticas fiscais ou de protecção social, mas traz uma resposta adequada ao que estamos a viver em cada momento”, ressalvou.

A entrevista foi para o ar horas antes do Conselho de Ministros desta quinta-feira que, entre outras decisões, reavaliará as medidas de confinamento mantidas na zona de Lisboa ― nomeadamente a reabertura dos centros comerciais. Mariana Vieira da Silva comentou também o pacote de medidas económicas apresentadas na quarta-feira pelo PSD, dizendo que há propostas que se cruzam. “Sabemos que a capacidade de construir consensos que houve na crise vai ser menos visível a partir de agora, mas é muito importante que tenham existido”, disse, descartando depois a dependência do PSD para aprovar o Orçamento Suplementar. Escusando-se a dizer quais os partidos se aproximam mais de um apoio ao Governo, Mariana Vieira da Silva assumiu apenas que “as preocupações estão bastante alinhadas”, lembrando que ainda não é conhecido o Programa de Estabilização Económica e Social.

Para a ministra, a capitalização das empresas era já uma prioridade do Governo. “Teremos instrumentos diferentes que respondem a essas mesmas prioridades. O Conselho de Ministros aprovará um conjunto de propostas a esses mesmos problemas”, adiantou.

Houve uma paragem total da nossa economia, mas temos alguma capacidade de não engrossar os números do desemprego”, considerou a ministra. “Estamos a trabalhar com cenário de queda do PIB próximo de 7,5%”, a base do intervalo do Conselho de Finanças Públicas e que se aproxima da previsão feita pelo FMI em meados de Abril.

Mais uma optimista no Governo

A ministra tem ainda uma visão optimista em relação aos números do desemprego. “No mês de Maio há menos desempregados novos do que os que existiram em Abril. Se a crise se estivesse a aprofundar a cada mês teríamos mais novos desempregados e não é isso que estamos a ver”, declarou.

“A resposta do layoff foi importante e respondeu ao que era pretendido e podemos agora preparar novas medidas de apoio”, avaliou. Mariana Vieira da Silva adiantou ainda que o novo regime de layoff vai ser gradual. “Progressivamente vamos ter mais gente a trabalhar mais horas, a aproximar-se do salário normal e a aumentar as contribuições para a Segurança Social que cabem às empresas”, explicou.

Sobre a estratégia do Governo para o Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), Mariana Vieira da Silva avisou que deverá passar por programas a longo prazo que possam ser reajustados e não medidas a curto prazo. “A ideia de já ter um plano e não precisar de fazer mais nada não existe”, considerou. A resposta passará por projectos que já constavam no programa socialista, nomeadamente na digitalização e na resposta às alterações climáticas.

Mariana Vieira da Silva explicou que o aumento do número de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo resulta do aumento do número de testes feitos pelas empresas durante a fase de desconfinamento e que revelaram muitos casos assintomáticos. “Estamos a fazer mais 30% de testes do que alguns dos grandes países mais afectados pela pandemia”, acrescentou. A ministra sublinhou ainda que apesar do aumento de casos detectados houve uma descida “significativa” dos casos internados em cuidados de saúde, incluindo nos cuidados intensivos, uma vez que se tratam de casos assintomáticos e que não exigem cuidados de saúde, mas apenas que se trave o seu contágio.

De acordo com a governante, o caso de Lisboa e Vale do Tejo “é uma situação que não é preocupante em relação à capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde”. “O aumento da capacidade de detectar casos não é incompatível com termos mais segurança na região”, explicou a ministra, uma vez que isso permitirá uma resposta mais adequada à realidade.

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