Bruxelas avança com 300 milhões de euros para aliança de vacinas

Cimeira global de vacinas arrecada 7,7 mil milhões de euros para campanhas de vacinação. Portugal contribui com 100 mil euros. Comissão Europeia disponível para discutir operação de aquisição conjunta de vacinas contra o novo coronavírus.

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Ursula von der Leyen OLIVIER HOSLET/EPA

No mesmo dia em que a Unicef fez soar o alarme para o risco de vida de milhões de bebés em todo o mundo, que por causa da crise do novo coronavírus deixaram de ter acesso a vacinas para doenças como sarampo, difteria e cólera, a Comissão Europeia anunciou um reforço de 300 milhões de euros para as operações da Aliança Global para as Vacinas GAVI entre 2021 e 2025. 

Este dinheiro — que o executivo inscreveu nos pagamentos do próximo quadro financeiro plurianual, que ainda não foi aprovado —, apoiará campanhas de vacinação que garantirão a imunização de 300 milhões de crianças nos países mais vulneráveis do mundo, através da distribuição de mais de 3200 doses de vacinas por 55 países, bem como a criação de uma reserva estratégica de vacinas para a prevenção de surtos de doenças infecciosas.

O anúncio foi feito horas antes do arranque da Cimeira Global de Vacinas organizada pela GAVI e realizada online a partir de Londres. O objectivo declarado do encontro virtual, no qual participaram quase uma centena de chefes de Estado, altos representantes de governos e líderes de empresas e fundações privadas, era arrecadar 6,5 mil milhões de euros de financiamento para a Gavi entre 2021 e 2025 — o montante que, segundo a organização, permite alargar o alcance das campanhas de vacinação nos países em desenvolvimento e garantir a imunização de mais de 1100 milhões de bebés contra doenças preveníveis e curáveis. 

Em nome de Portugal, a ministra da Saúde, Marta Temido, elogiou o papel da GAVI e a sua intervenção nos vários países de língua oficial portuguesa, e avançou uma contribuição financeira de 100 mil euros. No final da conferência, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, revelou que a meta de financiamento foi largamente ultrapassada, e que os donativos ultrapassaram os 7,7 mil milhões de euros. “Vamos poder salvar até oito milhões de vidas”, sublinhou.

“As vacinas libertam-nos do medo. O coronavírus veio lembrar-nos desta verdade”, assinalou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que no início de Maio foi a anfitriã de uma outra conferência virtual de doadores para uma resposta global ao novo coronavírus, onde a Aliança para as Vacinas GAVI assegurou um financiamento de mais de 1,5 mil milhões de euros (dos quais 488 milhões se destinavam à administração de vacinas contra o SARS-CoV-2, quando estas estejam disponíveis).

“O nosso objectivo, com a GAVI e muitos outros parceiros, é acelerar a produção de uma vacina para a covid-19 acessível para todos. Para esse efeito, estamos preparados para discutir os méritos de uma iniciativa global para a aquisição conjunta dessa vacina”, afirmou Von der Leyen. Vários Estados membros da UE estão preocupados que a descoberta de uma vacina signifique uma corrida desenfreada e desregulada entre países — a Bruxelas chegou esta semana uma carta assinada pela Alemanha, França, Itália e Países Baixos a defender a criação de uma “aliança europeia” para negociar com a indústria farmacêutica o acesso preferencial à vacina, com garantias de compras e o financiamento da investigação para a sua produção.

Esta quinta-feira, a Comissão também deu conta da assinatura de um acordo com o Banco Europeu de Investimento e o Investitionsbank Berlin que permitiu a criação do novo Fundo da UE para a Malária. Com uma dotação inicial de 70 milhões de euros, o fundo destina-se ao financiamento de projectos científicos dedicados a “soluções inovadoras, acessíveis e fáceis de pôr em prática“ para a prevenção e tratamento da malária.

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