Alfarrábios e algoritmos

Esta é a quinta e última conversa da nossa sexta e última memória, intitulada “A Pergunta”, dedicada aos direitos humanos.

Este podcast cobre mil anos de história. Mais ou menos. De 950, ano em que morre Al Farabi, até 1948, ano da Declaração Universal de Direitos Humanos — e do 1984 de George Orwell. Vá, mil e setenta e seis se considerarmos o ano de nascimento de Al Farabi, no ano de 872.

Agora que estamos a chegar ao fim, em vez de andarmos para a frente até ao presente, vamos andar para trás até ao passado.

Cem anos antes de Al Farabi, nasceu na Pérsia oriental, na mesma região do Coração, um homem chamado Muḥammad ibn Mūsā al-Khwārizmī, no ano de 782. Segundo um historiador chamado Al Tabari, que viveu meio século depois na região do Tabaristão, o nome completo de Al Khwareizmi era na verdade Muhammad ibn Mūsa al-Khwārizmī al-Majūsi al-Qutrubbulli, acrescentando à nisba, Al Khwareizimi, que significa “do Coração” a kunya, ou alcunha, al-Majusi, que quer dizer... bem, já vos explico o que é que Al-Majusi quer dizer. Vai demorar um bocadinho mas é um desvio que vale a pena.

Al Khwareizmi fez cem anos antes de Al Farabi a mesma viagem, partindo lá detrás do Mar Cáspio até chegar a Bagdad. Só que quando Al Khwareizimi chegou a Bagdad, levado pelos seus pais, era ainda criança e a cidade tinha acabado de ser fundada, ou quase, e era ainda mais magnífica do que em qualquer outro momento da sua história. Baghdad tinha apenas mais 18 ou 20 anos do que Al Khwareizimi — 762 contra 780 ou 782. Baghdad fora planeada pelo grande califa Al Mansur, e agora governava o ainda mais importante Harun al Rachid. Depois de Harun al Rachid, governará o mais sábio de todos, Al Mamun, que fundou a Casa da Sabedoria.

A Casa da Sabedoria será o posto de trabalho de Al Khwareizmi. E tal como de Al Farabi, com quem começámos esta viagem, herdámos a palavra alfarrábio, de Al Khwareizmi herdámos a palavra algoritmo. E entre alfarrábios e algoritmos estamos quase a chegar ao fim da nossa viagem.

Esta é a quinta e última conversa da nossa sexta e última memória, intitulada “A Pergunta”, dedicada aos direitos humanos.

Deixamos-lhe um convite: tenha consigo um figo seco quando estiver a ouvir o último episódio — o epílogo deste podcast —, que será publicado nos próximos dias.

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