Governo chinês denuncia “doença crónica” do racismo nos Estados Unidos

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês acusa os Estados Unidos de ter “padrões duplos”, por considerar como “heróis” os manifestantes “violentos” em Hong Kong.

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Governo de Xi Jinping está de costas voltadas com Donald Trump e acusa americanos de racismo Jonathan Ernst

O Governo chinês denunciou nesta segunda-feira a “doença crónica” do racismo nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd, um afro-americano sufocado por um polícia branco, que desencadeou protestos em todo o país.

A agitação em várias cidades norte-americanas é um sinal da “gravidade do problema do racismo e da violência policial nos Estados Unidos”, afirmou Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa.

Zhao comparou a violência nos Estados Unidos com a que abalou a região semiautónoma de Hong Kong, no ano passado, em reacção à crescente influência de Pequim na antiga colónia britânica.

Segundo Zhao, a resposta dos Estados Unidos às manifestações contra a violência policial no seu território é “um exemplo dos padrões duplos do país”.

“Porque é que os Estados Unidos tratam os manifestantes violentos em Hong Kong e da chamada ‘independência’ como ‘heróis’ enquanto chamam àqueles que denunciam o racismo ‘rebeldes’”, questionou.

Pequim acredita que “forças estrangeiras” são responsáveis pelos distúrbios em Hong Kong e classifica os manifestantes mais radicais como “terroristas”.

A imprensa estatal chinesa tem também comparado as violentas manifestações antigovernamentais do ano passado em Hong Kong às manifestações nos EUA.

Em editorial, o jornal oficial Global Times afirmou que os políticos dos EUA podem “pensar duas vezes” antes de comentarem novamente sobre questões em Hong Kong, sabendo que as “suas palavras podem sair pela culatra um dia”.

Um comentário da emissora estatal CCTV, no sábado, descreveu a violência entre a polícia e manifestantes nos EUA como um “copo de vinho amargo destilado pelos próprios políticos dos EUA”.

“O racismo nos EUA é uma cicatriz que não sarará”, apontou a televisão estatal chinesa.

Os protestos nos EUA, contra a morte do afro-americano George Floyd sob custódia policial em Mineápolis, são uma oportunidade para a China alegar padrões duplos e fazer contracríticas, face às frequentes acusações ao Governo chinês em questões de direitos humanos.

George Floyd, de 46 anos, morreu na noite de dia 25, em Mineápolis, após uma intervenção policial violenta, cujas imagens foram divulgadas através da Internet.

Floyd foi detido por suspeita de ter tentado pagar com uma nota falsa de 20 dólares num supermercado.

Num vídeo filmado por transeuntes e divulgado nas redes sociais, é possível ver um dos agentes a pressionar o pescoço de Floyd com o joelho durante vários minutos. Neste mesmo vídeo, vê-se Floyd a dizer ao polícia que não consegue respirar.

Desde então, várias cidades norte-americanas, incluindo Washington D.C. e Nova Iorque, têm sido palco de manifestações, com os protestos a resultarem frequentemente em confrontos com a polícia, acusada de agir de forma violenta.

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