Cartas ao director

Mas quem é afinal o primeiro-ministro?

De há uns tempos para cá todos os dias vemos o Presidente da República a dizer o que se fez e o que não se fez e o que deve fazer ou que não se deve fazer. Ora no nosso sistema político tal papel cabe ao primeiro-ministro, logo há aqui qualquer coisa que não bate certo. Estará Marcelo a ajudar o PM ou a subalternizá-lo? A mim parece-me que o homem tem a mágoa de o cargo de PM lhe ter escapado e então está a aproveitar a maré para fazer de conta.

Possivelmente seria ele o PM se não tivesse ocorrido o 25 de Abril. Outra hipótese é ele estar a fomentar o presidencialismo. Veremos os próximos episódios da novela pois isto dos camaleões tão depressa os vemos como deixamos de os ver.

Quintino Silva, Paredes de Coura

O retorno à infâmia

O PÚBLICO de quinta-feira, se só tivesse duas páginas, já merecia ser comprado e lido. Refiro-me a dois magníficos textos de opinião, um da procuradora da República Maria José Fernandes, outro do professor universitário Boaventura Sousa Santos. O primeiro, de denúncia da “justiça inorgânica” que condena à infâmia por métodos mais recuados que os do direito penal medieval. O segundo, um dorido requisitório de um (entre tantos) grandes amigos do Brasil, sobre a trágica situação a que a democracia chegou nesse país. São dois actos de cultura que merecem ser revisitados e meditados.

António Monteiro Fernandes

Rogo às senhoras da Saúde

Fazei que chegue a vós a voz de avós: deixai vir a nós os nossos netos que bem sabeis por isso estar desertos. Prometo que eles lavarão as mãos e usarão máscara; embora sabendo que não contagiarão os avós prometem cumprir as normas.

Não haverá beijos mas deixai que eles os abracem; há lá maior ternura que o abraço da avó ao neto? E reparem que não há risco de contágio num abraço, cada um a respirar no ombro do outro. E eles prometem ouvir as histórias que os avós contarem, de máscara e calados não interromperem e não perder pitada. E que irão embora quando for a hora depois dum outro terno abraço à despedida. E garanto-vos que, uns e outros, nunca mais vos esquecerão. A rogo, no Dia Mundial da Criança.

H. Carmona da Mota, Coimbra

O contraditório aos benefícios do teletrabalho 

Agora que muitas empresas elaboram planos para o regresso gradual dos seus colaboradores aos seus locais físicos de trabalho, e após 2 meses e meio de teletrabalho e odes aos seus benefícios trago um contraditório a quem defende a generalização desta forma de trabalhar. A saber: fim do espírito corporativo, vestir a camisola da empresa, whatever; trabalho puramente mecânico e rotineiro; proactividade do trabalhador residual; espaço para a criatividade, desenvolvimento de métodos novos ainda mais residual; aumento da ansiedade do trabalhador; aumento da desconfiança entre todos os colaboradores; faz-se o essencial; apesar de ter “tele” na designação existe um aumento da dificuldade de comunicação; e, por incrível que possa parecer, pode afectar negativamente a vida pessoal.

Carlos Dias, Porto

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