Para perder o tino com Ray Bradbury

Ensaios para entender a oficina de Ray Bradbury. O Zen e a Arte da Escrita tem ironia, saber e arte da conversa capazes de seduzir os amantes de livros e de escritores. Ele faria cem anos neste 2020.

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O escritor como “gralha arqueóloga e antropológica” Gary Friedman/Los Angeles Times/MCT

A história é clássica. Um escritor sem dinheiro dedica-se urgentemente ao acto da escrita e dessa contingência sai um livro que ajuda a iluminar a nossa passagem pela vida. “Na Primavera de 1950, por um custo total de nove dólares e oitenta cêntimos (em moedas de dez cêntimos), escrevi e terminei a primeira versão de O Bombeiro, que viria a dar origem a Fahrenheit 451.” 451 graus fahrenheit é a temperatura a que o papel queima. É servida como metáfora na distopia sobre uma América disfuncional, um futuro em que todos os livros são proibidos assim como a manifestação, ou mesmo a existência, de opinião pessoal; um futuro em que livros e opinião são uma ameaça à estabilidade do colectivo. Ray Bradbury afirmou querer sublinhar como a televisão estava a matar a leitura e, com isso, a alienar o pensamento através de uma forma de censura mais perniciosa do que a proibição. O romance seria adaptado ao cinema por Truffaut, mostrando, noutra linguagem que não a literária, o comandante de bombeiros Faber a afirmar, diante das suas vastas prateleiras repletas de livros, que não leu nenhum, que “o crime não é ter livros”, que o crime “é lê-los”. O livro continua a ser recuperado de algum esquecimento pontual sempre que há indícios de perigo para a democracia.

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