Centros comerciais, uma alavanca para a recuperação económica

A nossa posição é de partilha do esforço exigido pela situação anómala que vivemos. É crucial que encontremos soluções equilibradas. Por muito interessantes que sejam as crónicas de guerra, esta é uma história de paz e cooperação. A sustentabilidade e sucesso dos centros comerciais passa pelo sucesso de todos.

Durante as últimas semanas, vimos assistindo a uma polarização no discurso sobre os centros comerciais, que tende a criar uma ideia de oposição – um quase confronto – entre as empresas proprietárias e gestoras destes espaços e os lojistas. Tenho de reconhecer que é uma narrativa apetecível, esta pretensa luta de David contra Golias. Mas é uma narrativa falaciosa. Os centros comerciais não são uma disputa entre proprietários e gestores, por um lado, e lojistas, por outro. Estes complementam-se, e têm dado provas de que é trabalhando em conjunto que conseguem ter sucesso e ultrapassam os desafios, tal como aconteceu na mais recente crise económica, iniciada em 2010.

Os centros comerciais representam investimentos significativos e têm custos de operação elevados dada a sofisticação do seu espaço e serviços. Toda a sua actividade de raiz imobiliária – e estrutura de custos – está orientada para potenciar a actividade dos seus lojistas e a satisfação dos visitantes. Falo de manutenção, segurança e limpeza (que neste contexto representa uma fatia maior destes encargos), e também de gestão e marketing.

As empresas proprietárias e gestoras de centros comerciais que a APCC representa não estão contra os lojistas, pelo contrário, estão a seu lado, visando equilíbrio desta parceria. Estas empresas têm como proprietários desde empresas familiares a empresas cotadas, com capital disperso, fundos de pensões e de investimento, resultado da poupança individual de muitos. Colocar em causa a sustentabilidade dos centros comerciais, e destas empresas, é colocar também em causa os negócios dos lojistas.

Desde o início do estado de emergência e até ao dia hoje, os centros comerciais mantiveram-se em funcionamento, para garantir às populações o abastecimento de bens de primeira necessidade e os serviços considerados essenciais pelo Governo, permitindo também aos seus lojistas manterem a operação. Muitos operadores têm, ainda, implementado medidas de apoio aos seus lojistas, ajustadas ao contexto da operação de cada centro comercial, e que ultrapassam as moratórias decretadas pelo Governo.

Também tem havido flexibilização de regras de abertura e de horários de funcionamento adaptados à fase actual. Estas medidas têm um impacto significativo, para os centros comerciais e para o cumprimento das suas obrigações, que não se resumem a financiamentos bancários, mas também a investimentos promovidos para remodelações e ampliações dos seus centros comerciais.

Os centros comerciais têm também, desde a primeira hora, apoiado os seus lojistas na adaptação às novas regras de higiene e segurança, para garantir aos visitantes que podem ter confiança e tranquilidade absolutas no uso dos espaços, com a certeza de que são cumpridas todas as regras de segurança sanitária decorrentes da lei, as recomendações da Direcção-Geral da Saúde e as melhores práticas promovidas pela indústria a nível global.

Em paralelo, a APCC tem vindo a dialogar com o Governo. Neste momento, o foco está no processo de reabertura gradual da economia. É importante que as 8600 lojas presentes nos centros comerciais associados da APCC entrem em funcionamento, não sendo discriminadas em relação às que operam fora destes espaços. Temos expectativa que, a 1 de junho, no arranque previsto da fase 3, todos retomem a sua atividade.

A nossa posição é de partilha do esforço exigido pela situação anómala que vivemos. É crucial que encontremos soluções equilibradas. Por muito interessantes que sejam as crónicas de guerra, esta é uma história de paz e cooperação. A sustentabilidade e sucesso dos centros comerciais passa pelo sucesso de todos.

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