Como a covid-19 fez diminuir o consumo de pastilhas, doces e snacks nos EUA

As compras por impulso diminuem à medida que cada vez mais consumidores optam pelas encomendas online.

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As vendas de pastilhas elásticas diminuíram 28% Reuters/NASEEM ZEITOON

As compras impulsivas de pastilhas elásticas, rebuçados e snacks que são atirados para o cesto das compras enquanto se espera na fila para pagar cairam durante estes meses da pandemia, nos EUA. Uma das razões prende-se com a mudança de hábitos de consumo, com as pessoas a receberem as compras em casa ou a levantá-las fora do supermercado.

As vendas de rebuçados nos Estados Unidos desceram 30%, em relação ao mesmo período no ano passado, nas lojas monitorizadas pela Nielsen, agência que faz pesquisa de mercado, durante as 11 semanas analisadas (até 16 de Maio), enquanto as vendas de pastilhas elásticas caíram 28%.

A pandemia levou muitas pessoas a optar por compras online em vez de irem às lojas, onde snacks e outros produtos que são comprados por impulso estão estrategicamente posicionadas junto às caixas de pagamento.

“As vendas na nossa categoria de pastilhas e rebuçados também sofreram impactos significativos por causa dos protocolos de distanciamento social”, justifica a Hershey, marca de rebuçados, num comunicado divulgado na  quarta-feira.

As previsões da Mondolez International, no mês passado, estimavam uma quebra na vendas das suas pastilhas elásticas, que incluem a Trident e a Stride, no segundo semestre. Este produto, consumido quando as pessoas saem de casa, é frequentemente comprado em lojas de conveniência, muitas das quais estão fechadas, acrescenta.

No entanto, as medidas de distanciamento social não estão a fazer com que os consumidores abandonem a higiene oral, já que as vendas de pasta de dentes e elixir oral aumentaram 12% e 13%, respectivamente, no período das 11 semanas analisadas pela Nielsen. 

Em geral, fabricantes de alimentos embalados como a Nestlé, a Kraft Heinz e a General Mills sentiram um grande impulso desde que a pandemia forçou restaurantes, bares e hotéis a fechar, o que levou as pessoas a comerem mais em casa.

A economia instável nos Estados Unidos pode ser outro factor que contribui para o declínio das vendas de snacks porque estes não são vistos como bens de primeira necessidade pelos consumidores, de acordo com Amy Goldsmith, consultora de marketing de alimentos em Los Angeles. “Com a quebra na economia, o petiscar provavelmente vai sair prejudicado, se não saiu já”, afirma. Além disso, “se a pessoa não estiver em movimento, pode fazer uma sandes ou comer o que sobrou da noite anterior, para não desperdiçar”.

Barras nutritivas, normalmente consumidas por quem pratica exercício físico, que muitas empresas vendem como snacks saudáveis, caíram 19%, de acordo com a Nielsen. Daniel Lubetzky, fundador e presidente executivo da Kind Snacks, diz que ainda há muita incerteza. “É muito difícil planear”, acrescenta. “As pessoas não estão a fazer exercício, não estão tanto em movimento”, justifica Jon Nudi, representante da General Mills, fazendo notar que barras criadas a pensar em dietas (com poucas calorias ou açúcar) foram das mais afectadas.

A General Mills, dona dos snacks Nature Valley e Larabar, é a maior participante no mercado global dos snacks, valendo 16.7 mil milhões de dólares (cerca de 15.173 mil milhões de euros), de acordo com as pesquisas de mercado da Euromonitor International.

Nudi apontaque as vendas de snacks deverão aumentar conforme as regras de confinamento amenizem, mas salvaguarda que geralmente as recessões afectam os gastos em comida.

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