Doclisboa 2020 acontecerá em seis momentos: para resistir, para “preservar um modo de estar” em tempos incertos

Estende-se de Outubro de 2020 a Março de 2021. Trabalhando nos espectadores o hábito de regressar às salas. Assim resistindo em tempo de incerteza, continuando a desejar um festival como lugar de encontros em torno do cinema.

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A nova direcção do Doclisboa, Joana Gusmão, Joana Sousa e Miguel Ribeiro, acaba de anunciar o formato para a 18.ª edição, a primeira a realizar-se sob a sua direcção. E saiu-lhes logo na rifa uma pandemia. Vai decorrer em seis momentos, estendendo-se de Outubro de 2020 a Março de 2021. Em tempo de pandemia da covid-19 e da incerteza que se instalou, quando os festivais de cinema são cancelados ou se reformulam ou, ainda, mantêm um equilíbrio contraditório entre o que conhecíamos e o que tem de ser inventado (o formato online), o Doc faz desaparecer as competições e as secções (competitivas, por exemplo), mas essa desformatação é encarada como forma de "resistência”, palavra de Joana Gusmão: para continuar a desejar um festival como lugar de encontros em torno do cinema.

Apesar da turbulência dos tempos, uma edição online nunca esteve em causa, diz-nos. Mas seria forçoso contar com o imprevisível. “Sabíamos que tínhamos de adaptar” o formato. E dilatando a edição no tempo, em seis blocos de programação que se estendem de Outubro de 2020 a Março de 2021, “cria-se tempo, para as pessoas irem regressando às salas com conforto e alegria”. E, para além de se ir trabalhando nos espectadores o hábito de regressar às salas, vão-se “trabalhando os temas que os filmes levantam de forma aprofundada”. Até porque continuará a haver programa de debates e conversas, Q&A até mesmo em plataformas se o modelo físico não for concretizável.

O DocLisboa 2020 (que será também então um pouco de 2021) não quer já concretizar a programação. A incerteza não é o tema da edição mas é o tempo em que ela decorre. Mas os módulos estão determinados. A primeira parte, entre 22 de Outubro (com filme de abertura) e 1 de Novembro, apresentará “uma retrospectiva” na sala da Cinemateca e “uma programação nacional e internacional” entre os dias 22 e 25 de Outubro na Culturgest, onde será exibido o filme de abertura. É o lançamento. Toda a parte de indústria e networking, que nos festivais potenciam o desenvolvimento e circulação dos projectos, é que decorrerá exclusivamente em plataformas online visto não ser possível garantir a presença física de programadores, distribuidores, exibidores. Depois, de Novembro a Março, desenrolar-se-á a programação do festival nestes moldes: uma semana por mês, e serão cinco meses, sessões em diferentes salas, as habituais, Ideal, Culturgest, São Jorge. “Confiamos nos realizadores e produtores que queiram trazer os filmes ao festival neste contexto”. 

Em relação a outros festivais, o IndieLisboa já anunciara que a edição deste ano decorrerá de 25 de Agosto a 5 de Setembro e que proporcionará uma “experiência física e colectiva” dos filmes, “se possível com convidados” e com debates que exponenciem a experiência dos espectadores nas salas, como nos dizia, da direcção, Mafalda Melo. O Festival Curtas Vila do Conde, que deveria realizar-se entre 11 de 19 de Julho, terá lugar em Outubro. O Porto/Post/Doc decorrerá no final de Novembro e estará agora também a ser reinventado.

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