Teletrabalho nos serviços públicos: o telefone toca mas não atendem

Não se pode continuar a pedir tantos sacrifícios e impostos a quem trabalha para desenvolver o País sem tentar resolver as asfixias burocráticas de um funcionalismo ultrapassado.

Durante este período de pandemia vale a pena tentar perceber a resposta dos serviços públicos em teletrabalho. A primeira constatação foi a de que deixou de haver resposta a quase todas as questões que não as relacionadas com a atual pandemia. Houve acentuada redução na emissão de registos, certidões, de cartões do cidadão, passaportes.

Neste período de confinamento, muitas empresas foram forçadas a encerrar por decreto, e outras por falta de clientes, ou por falta de fornecedores. Mas também é verdade que muitas continuaram a trabalhar para poder sobreviver. Para estas últimas, a burocracia tornou-se pesada, na medida em que deixou de haver prazos de resposta destes mesmos serviços. O telefone toca mas, muitas vezes, não é atendido.

Os exemplos do que refiro são mais que muitos, e o desespero de quem não consegue ultrapassar este mundo de silêncio é evidente.

Sem Justiça a quem apelar, as empresas e os seus colaboradores veem-se perante uma ditadura da paralisia do serviço público, dos seus privilégios de ordenado garantido e de horários de teletrabalho que estarão longe de serem cumpridos. A análise feita pela empresa que gere o saneamento de Lisboa de que a hora de ponta na descarga de esgotos domésticos passou das 8h para as 10h da manhã é reveladora de uma certa inércia de quem ficou em casa e não tem rotinas de teletrabalho

Esta falta de assistência às empresas e aos seus colaboradores representaram e representam milhares de horas perdidas e poderão vir a determinar muitos mais encerramentos de atividade que a atual pandemia. Não se pode continuar a pedir tantos sacrifícios e impostos a quem trabalha para desenvolver o País e em troca proporcionar um regime assistencial, sem tentar resolver as asfixias burocráticas de um funcionalismo ultrapassado.

Deixo a sugestão a quem queira estudar as virtualidades do confinamento forçado que temos vivido de que se faça uma auditoria do trabalho produzido pelas diferentes repartições públicas em teletrabalho, durante este período, por comparação com períodos idênticos de anos anteriores.

É um problema capital não haver um único governante ou dirigente da oposição que proponha esta análise, e ajude a resolver este problema.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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