Deputado do PSD demite-se de coordenador parlamentar em divergência com Rui Rio

Pedro Rodrigues foi apoiante do líder do PSD, mas aponta discordâncias sobre a articulação entre a direcção da bancada e os deputados

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Pedro Rodrigues foi apoiante de Rui Rio desde a primeira candidatura à liderança do PSD em 2018 Enric Vives-Rubio

O deputado do PSD Pedro Rodrigues demitiu-se de coordenador da comissão de Trabalho e Segurança Social por considerar que não é envolvido em decisões “estratégicas” de que vem a saber pela comunicação social. Na carta enviada a Rui Rio - noticiada pelo Expresso e a que o PÚBLICO também teve acesso - , enquanto líder da bancada, o deputado refere o “silêncio prolongado" do presidente do partido e do grupo parlamentar sobre a sua proposta de um referendo sobre a eutanásia.

“Não posso de modo algum manter-me indiferente à circunstância de decisões extraordinariamente importantes e estratégicas no domínio das áreas sob a responsabilidade da 10.ª Comissão serem tomadas sem a minha participação, tomando sistematicamente conhecimento das mesmas pela comunicação social ou no momento em que as mesmas se materializam”, escreve na carta. O antigo líder da JSD considera que essa circunstância se deve “à falta de confiança” de Rui Rio em si.

Desde a primeira eleição de Rui Rio para a liderança do partido, em 2018, que Pedro Rodrigues foi seu apoiante. Liderou a comissão criada pela direcção do partido para a reforma do sistema político e eleitoral cujo trabalho veio a ser incorporado no programa do PSD para as legislativas do passado mês de Outubro.

Na carta, o deputado aponta várias discordâncias a Rui Rio enquanto líder da bancada, nomeadamente o “silêncio prolongado” sobre o projecto de referendo que apresentou, em Fevereiro passado, e que foi visto como uma iniciativa tornada pública à revelia da bancada. O antigo líder da JSD avançou com o projecto quando o PSD ainda não tinha definido uma posição oficial sobre o referendo, sustentando que o fez na sequência de uma “deliberação do Congresso e na defesa dos valores de uma relevante componente” do eleitorado do PSD.

Pedro Rodrigues aponta ainda discordâncias sobre o “modo” como Rui Rio “estrutura o funcionamento e organização do grupo parlamentar”, apesar da legitimidade da sua eleição para o cargo.

“Embora discordando, não me cabe questionar a circunstância de não se reunir e envolver devidamente o grupo parlamentar de forma a potenciar a energia, o talento e a criatividade dos nossos deputados de forma mais intensa num momento histórico tão relevante”, refere.

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