Universidade do Porto levará uma experiência a bordo do foguetão New Shepard

Equipa da Universidade do Porto quer compreender como se formam corpos rochosos no sistema solar.

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Foguetão New Shepard, da empresa Blue Origin DR

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) vai lançar uma experiência para compreender e ajudar a explicar como é que se formam corpos rochosos no nosso sistema solar, a bordo do foguetão New Shepard, da empresa Blue Origin.

O investigador Rui Moura, da FCUP e líder da equipa intitulada MiFiRE (Microgravity Fine Regolith Experiment), explicou que a experiência tem por base “um material especial” – o regolito – que “tem as características do solo da Lua” e que foi replicado no âmbito de um projecto da NASA. “Uma das coisas que queremos investigar é como é que se formam os corpos rochosos, ou seja, os pedaços de agregados de regolito que andam dispersos no sistema solar e que se vão juntando e que, quando ganham massa, passam a ter força gravitacional”, explicou à agência Lusa.

A equipa, maioritariamente constituída por estudantes da FCUP, venceu a competição nacional “NanoLab Student Payload Competition”, promovida pelo programa MIT Portugal, e vai lançar a experiência para perceber este fenómeno a bordo do foguetão New Shepard, da empresa Blue Origin, cujo lançamento está previsto para o final do ano. Esta iniciativa MIT Portugal desafiou os estudantes universitários portugueses a apresentarem propostas de nano-experiências para um voo espacial de gravidade zero da Blue Origin

Segundo Rui Moura, a bordo, numa caixa “com 20 centímetros de cumprimento, dez centímetros de altura e dez centímetros de largura”, vai ser colocado o regolito, juntamente com dois cubos de dois tipos de rochas: uma de material rochoso e outra de material metálico.

Com a experiência esperamos observar duas coisas, as partículas de regolito a começarem a aproximar-se umas das outras e, eventualmente, ver se há alguma preferência das partículas pela matéria rochosa ou metálica”, esclareceu o docente, que tem participado, desde 2016, em treinos de astronautas suborbitais nos Estados Unidos.

Apesar de o lançamento do foguetão estar previsto para o final do ano, a equipa de estudantes está já a trabalhar no relatório do projecto de forma a garantir que a experiência levada a cabo não afectará as restantes. “Temos de garantir que a experiência não vai estragar as dos outros, por exemplo, que a nossa electrónica não interfere com a da nave”, explicou Rui Moura.

Até meados de Outubro, a equipa pretende ainda ter concluído o sistema de imagem que necessita para, em terra, conseguir observar a experiência. “Vamos ter de construir o nosso sistema de imagem, uma espécie de placa de computador, que, de forma automática, quando o foguetão atingir a microgravidade, accione a câmara”, avançou o investigador, acrescentando que, posteriormente, a equipa vai seleccionar frames e compará-los de forma a determinar “tendências, movimentos e preferência de materiais” das partículas de regolito.

“Estamos com muitas expectativas, o principal objectivo é que corra bem e que a experiência não falhe. Caso assim seja, vamos eventualmente ter matéria para um artigo e assegurar presença em congressos”, concluiu Rui Moura.

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