CDS disponível para viabilizar Orçamento Suplementar se acolher as propostas do partido

Francisco Rodrigues dos Santos propõe medidas como o alargamento do layoff simplificado até ao final do ano.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

O CDS-PP está disponível para viabilizar o orçamento rectificativo que o Governo apresentará ao Parlamento, em Junho, caso o documento vá “ao encontro das preocupações e das propostas” do partido, adiantou nesta segunda-feira o presidente, Francisco Rodrigues dos Santos. O líder democrata-cristão falava à agência Lusa e à RTP, no final de uma reunião com a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que decorreu na sede daquele organismo, em Lisboa.

Questionado se não está afastada a hipótese de um apoio ao Orçamento Suplementar, o presidente do CDS respondeu que o sentido de voto do partido “depende dos termos em que esse orçamento rectificativo for feito”. “Se for ao encontro das preocupações e das propostas do CDS, nós colocaremos sempre o interesse nacional acima do jogo político-partidário”, adiantou.

Porém, Francisco Rodrigues dos Santos ressalvou que ainda não conhece o documento: “Nós neste momento não sabemos nada, no Plano de Estabilidade não é feita uma única projecção macroeconómica nem de finanças públicas, somos, de resto, o único país da União Europeia que não as apresentou”. “Portanto, nós aguardamos pela reunião com o Governo para obtermos mais informações, para depois fazermos uma avaliação de largo escopo sobre o orçamento rectificativo, que, de resto, é um documento estruturante na nossa política económica nacional” na sequência da pandemia de covid-19, acrescentou.

O partido tem “linhas vermelhas” e propostas, e aguarda “para saber qual é a receptividade que o Governo terá para as acolher”. “Queremos uma inversão do paradigma, em que o Governo opta por um choque de tesouraria e uma injecção de liquidez nas empresas e que passe por medidas que, para nós, são cirúrgicas: o alargamento do layoff simplificado até ao final do ano, a eliminação dos pagamentos por conta, e uma duplicação das linhas de crédito às empresas, cuja percentagem terá que estar consignada a fundo perdido, para evitar mais endividamento”, enunciou Francisco Rodrigues dos Santos.

“E estaremos tão próximo do compromisso quanto a capacidade do Governo de subscrever estas sugestões do CDS, que já têm dois meses, e que agora encontram eco na bastonária da Ordem dos Contabilistas como no presidente da CCP” (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal), apontou.

O presidente dos centristas salientou que esse “compromisso, para já, passará por uma tentativa para explicar ao Governo que estas medidas propostas pelo CDS são fundamentais para a retoma” da economia, “para manter as empresas vivas e para salvar postos de trabalho”, sendo que, “depois, caberá ao Governo fazer a sua avaliação e se as incorporará neste orçamento rectificativo”.

“Teremos de fazer a avaliação, depois, do documento final, que passará por muito mais do que estas medidas”, insistiu, observando que “o CDS desde o início que apresentou uma receita bastante diferente da do Governo”. “O CDS tem dito que não quer mais impostos, disse não às nacionalizações, quer uma promoção do investimento, sobretudo dos estrangeiro - porque a nossa economia compete com outras que neste momento estão a ser mais apoiadas do que a portuguesa - e entende que é fundamental neste quadro também flexibilizar os sistemas de regulação, que são um custo para as empresas e para os operadores económicos. Teremos de avaliar qual é o resultado final do documento que o Governo terá para apresentar”, salientou Rodrigues dos Santos.

Para o CDS, “é fundamental que o dinheiro dos portugueses seja utilizado para salvar empregos”. Por isso, de acordo com o presidente do CDS, o partido “chegou a um compromisso com a CIP, no sentido de fazer uma monitorização dos problemas que afectam os empresários e os trabalhadores”.

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