Europa deve ter frente unida para apoiar bancos, defende regulador

EBA diz que bancos estão agora com rácios de capital e de cobertura de liquidez bem mais elevados do que na crise anterior, mas alerta para o risco de uma nova onda de créditos malparados

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Reuters/Juan Medina

Perante uma onda considerada inevitável de novos créditos malparados, e apesar de defender que as instituições financeiras estão mais bem preparadas para enfrentar esta crise do que estavam na anterior, a entidade que regula o sector bancário na Europa pode aos governos para delinearem uma estratégia comum de apoio aos bancos que enfrentem dificuldades devido ao impacto negativo da pandemia.

Em declarações feitas no dia em que a Autoridade Bancária Europeia (EBA na sigla inglesa) apresentou um relatório com os seus primeiros cálculos do impacto do novo coronavírus na banca, o presidente da instituição, o espanhol Jose Manuel Campa, alertou que “faria sentido haver uma abordagem europeia para apoiar os bancos”.

Em declarações à agência Reuters, este responsável colocou a hipótese de se fazer na Europa um plano ao estilo do lançado pelos EUA na anterior crise, quando foram injectados milhares de milhões de dólares nos bancos para evitar o colapso do sistema.

Esta defesa pelo presidente da EBA de uma abordagem comum europeia nesta matéria surge na altura em que na UE se discute o lançamento de um fundo de recuperação económica, que na proposta feita pela Alemanha e França na semana passada, teria um valor de 500 mil milhões de euros. A Comissão Europeia deverá apresentar a sua proposta esta quarta-feira.

Uma das preocupações da EBA está relacionada com o provável aumento dos níveis de crédito malparado que se está a antecipar na Europa em sequência do impacto económico muito negativo da pandemia. De acordo com as contas desta entidade reguladora, os bancos europeus podem vir a assistir, num cenário extremo, a um agravamento do crédito malparado num valor equivalente a 3,8% do PIB.

À Reuters, o presidente da instituição disse estar à espera de “uma onda de créditos malparados durante os próximos dois ou três trimestres”. “Qual o seu valor, é difícil de dizer”, afirmou.

Ainda assim, a EBA faz questão de salientar que o ponto de partida para esta crise é, no caso dos bancos, muito melhor do que era na anterior crise. De acordo com a autoridade reguladora, os bancos europeus têm no seu conjunto rácios de capital próximos de 15% e rácios de cobertura de liquidez de 150%, valores que significam que existe uma almofada de segurança bem mais confortável do que no passado.

Ainda assim, alertam, isso não impede que se registem em alguns bancos, menos preparados ou, por alguma razão, mais expostos aos efeitos desta crise, dificuldades a que será necessário responder.

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